Pesquisadores lançam estudo para medir qualidade da água no Pantanal de MT em meio a preocupações com seca
No Dia Mundial da Água, celebrado nesta sexta-feira (22), pesquisadores lançaram um estudo crucial para medir a qualidade da água nos rios do Pantanal de Mato Grosso. O objetivo principal é disponibilizar esses dados para subsidiar a criação de políticas públicas voltadas à preservação desse ecossistema tão vital.
O presidente da Fundação Ecotrópica e líder da pesquisa, Ilvanio Martins, ressaltou a importância desse projeto para o futuro do Pantanal. “O projeto visa contribuir com a pesquisa no Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Já temos o monitoramento, agora é essencial identificar e avaliar a qualidade da água. Isso é fundamental para que o poder público possa tomar medidas que visem aprimorar a qualidade da água e beneficiar todos que dependem dela”, destacou.
Uma das áreas de maior concentração da atividade dos pesquisadores é a região de Porto Jofre, próxima ao Parque Estadual Encontro das Águas, entre os municípios de Poconé e Barão de Melgaço, a aproximadamente 104 e 121 km de Cuiabá, respectivamente. Nessa localidade, o Rio São Lourenço, que é uma continuação do Rio Cuiabá, é objeto de estudo, juntamente com outros rios que deságuam na região.
Ilvanio Martins explicou que a conexão entre os diferentes cursos d’água é crucial para compreender a dinâmica do ecossistema pantaneiro. “Nesse trecho, há uma grande concentração de águas provenientes de diversos rios, como o Rio Vermelho de Rondonópolis, o Rio Piquiri e o Rio Três Irmãos, que formam o São Lourenço. Portanto, é uma interconexão vital que requer estudos para melhorar nossa compreensão e gestão desses recursos”, afirmou.
Contudo, uma preocupação paira sobre a região: os rios estão com volumes abaixo do esperado para esta época do ano. “Nessa época, a água deveria transbordar, os rios deveriam sair de seus leitos e alcançar as baías. Já iniciamos uma comunicação com o poder público para identificar áreas que podem ser afetadas por incêndios e uma grande área seca. Isso pode resultar em cenas desoladoras”, alertou Martins.
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) divulgou um boletim preocupante, indicando que todos os rios da bacia do Rio Paraguai estão com níveis inferiores ao esperado para esta época do ano. A seca é atribuída principalmente a uma onda de calor intensa e às chuvas abaixo da média. Marcus Suassuna, pesquisador do SGB, expressou sua preocupação com a situação. “Se continuar nesse ritmo, a região chegará ao final do período chuvoso sem uma cheia significativa e sem se recuperar da última vazante”, lamentou.
Diante desse cenário desafiador, o estudo lançado pelos pesquisadores assume um papel ainda mais crucial na proteção e preservação do Pantanal, um dos biomas mais ricos e importantes do Brasil e do mundo.