Em três meses, 564 animais foram resgatados dos incêndios no Pantanal

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Desde o início da temporada de incêndios no Pantanal, em maio deste ano, a situação no bioma tem se mostrado cada vez mais crítica. A temporada, que começou mais cedo do que o habitual devido ao tempo seco e às mudanças climáticas, já devastou mais de 1,6 milhões de hectares — o equivalente a 10% da área total do Pantanal, conforme dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ).

Até o último domingo (11), foram resgatados 564 animais silvestres que foram diretamente impactados pelos incêndios. Contudo, o número de animais mortos ainda não foi oficialmente calculado. Segundo o biólogo Gustavo Figueiroa, diretor do Instituto SOS Pantanal, a quantidade de animais resgatados é sempre menor do que a de mortos, com répteis e anfíbios sendo os grupos mais vulneráveis devido à sua dificuldade de locomoção durante os incêndios.

Figueiroa destaca o impacto devastador dos incêndios, especialmente nos casos mais críticos. Na segunda-feira (15), uma onça-pintada, que recebeu o nome de “Miranda”, foi encontrada com as patas severamente queimadas. Infelizmente, casos como o de Miranda não são isolados. “Temos encontrado antas queimadas, catetos, tamanduás e muitos outros animais com queimaduras nas patas. Os incêndios frequentemente atingem as camadas subterrâneas do solo, o que intensifica o sofrimento dos animais”, explica o biólogo.

A situação tem levado a mudanças drásticas no comportamento dos animais. Figueiroa relata que, em cenários de extrema necessidade, como o avanço dos incêndios, é comum observar a união de espécies que normalmente não coexistem. “Recentemente, na Caiman, observamos uma onça-pintada e uma jaguatirica dividindo um abrigo improvisado, um tubo de concreto usado para passagem de água. Essas situações refletem a mudança de comportamento dos animais em busca de sobrevivência e recursos essenciais”, afirma o biólogo.

O resgate e tratamento dos animais afetados pelos incêndios são desafios imensos para as equipes de resgate e organizações envolvidas. O impacto dos incêndios no Pantanal não apenas destrói habitats e causa a morte de uma quantidade incalculável de fauna, mas também transforma profundamente o comportamento e a dinâmica dos animais que sobrevivem. A situação exige uma resposta contínua e coordenada para mitigar a devastação e auxiliar na recuperação do bioma.

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