Além do impacto na saúde das árvores, a diferença estética entre o ipê-rosa de El Salvador e o ipê-rosa nativo também é notável

A cidade de Campo Grande enfrenta um desafio crescente na preservação de sua arborização urbana, especialmente no que diz respeito ao ipê-rosa de El Salvador (Tabebuia rosea), cuja plantação foi considerada contraindicado devido a um fungo que pode comprometer não apenas a espécie exótica, mas também os ipês nativos do Cerrado.
O alerta foi destacado no estudo “Floresta Urbana de Campo Grande”, elaborado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que servirá de base para a revisão da Lei 184/2011, que regulamenta o Plano Diretor de Arborização Urbana. A pesquisa identificou que o declínio do ipê-rosa está relacionado à presença de tumores ou galhas aéreas e superbrotamento, que não apenas reduzem seu valor ornamental, mas podem levar a planta à morte.
“Elas definhando e podem morrer”, explica Eliane Guaraldo, professora da UFMS e coordenadora do estudo. O fungo responsável por essas doenças é transmissível aos ipês nativos, como o ipê-branco (Tabebuia roseoalba), que também já registrou casos da enfermidade nas áreas analisadas. Assim, a proibição do plantio do ipê-rosa de El Salvador é uma medida necessária para a preservação das espécies nativas e a saúde da arborização urbana.
Conforme o Campo Grande News, a situação é alarmante, considerando que a cidade abriga cerca de 175 mil árvores, sendo que a maioria é composta pela espécie Oiti, que representa 27,6% do total. Esta porcentagem ultrapassa o limite recomendado de 15%, levantando preocupações sobre a biodiversidade local. Outras espécies significativas na capital incluem a figueira (5,7%), a murta-de-cheiro (4,4%) e o ipê-rosa, que representa apenas 3,7%.
Além do impacto na saúde das árvores, a diferença estética entre o ipê-rosa de El Salvador e o ipê-rosa nativo também é notável: as flores da variedade exótica não são tão vistosas quanto as de suas contrapartes do Cerrado. A situação evidencia a necessidade de estratégias de controle e monitoramento que priorizem a utilização de espécies nativas, preservando a biodiversidade e a beleza natural de Campo Grande.