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  • quinta-feira, 26 de dezembro de 2024 - Campo Grande MS

Serpente d’água endêmica do Pantanal é ameaçada de extinção pelos Incêndios

Serpente Helicops boitata corre risco devido aos incêndios intensificados desde 2020

Serpente

Foto: Elizângela Silva de Brito

A serpente d’água (Helicops boitata), uma espécie endêmica do Pantanal, está ameaçada de extinção devido aos incêndios que atingem a região e têm se intensificado desde 2020. O alerta foi feito por pesquisadores de quatro importantes instituições, conforme publicado pela revista Biodiversidade Brasileira, do Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O estudo envolveu a participação da Universidade Federal de Goiás (UFG), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP).

A Helicops boitata, uma serpente aquática que habita exclusivamente as áreas alagadas do Pantanal, foi identificada por pesquisadores em 2019, no município de Poconé, em Mato Grosso. Desde então, os cientistas têm acompanhado os impactos dos incêndios sobre a fauna local. Em 2020, uma das expedições realizadas pelos pesquisadores detectou apenas indivíduos mortos dessa espécie, o que gerou preocupações sobre o risco de desaparecimento da serpente. As expedições de monitoramento, realizadas entre 2020 e 2023 nos municípios de Barão de Melgaço e Poconé, apontaram a grande vulnerabilidade da espécie aos incêndios, além de outros fatores como seus hábitos noturnos e semiaquáticos, que dificultam a sua localização.

Carlos Abrahão, doutor em Epidemiologia Veterinária e analista ambiental do ICMBio, explica que, durante a cheia, a serpente ocupa as áreas alagadas entre os municípios de Poconé, Barão do Melgaço e Cáceres (MT), mas na seca, ela tende a se enterrar nas fendas da lama, o que torna ainda mais difícil a sua detecção. “Durante a seca, elas entram nas rachaduras formadas pela lama e se escondem. Isso torna a espécie ainda mais difícil de monitorar, tanto na época de cheia quanto durante a vazante”, detalhou Abrahão.

A Helicops boitata é uma das poucas espécies endêmicas do Pantanal, e a pesquisa destaca sua importância ecológica única para o bioma. “O Pantanal não é conhecido por ter um grande número de espécies endêmicas, e essa cobra pode ser uma das únicas a ser exclusiva da região”, acrescentou o pesquisador.

Ainda conforme o estudo, o comportamento de enterro e os hábitos aquáticos dessa serpente dificultam a avaliação precisa de sua população. Além disso, o aumento dos incêndios no Pantanal, que têm se intensificado desde 2020, coloca em risco não apenas a sobrevivência da espécie, mas também a de várias outras que habitam o bioma. A continuação do monitoramento é essencial para avaliar os efeitos desses incêndios e garantir a preservação de uma das espécies mais raras da fauna pantaneira.

O nome “Helicops boitata” faz referência à lenda do “boitatá”, uma serpente gigante que, segundo o folclore brasileiro, habita os rios e protege as florestas contra os incêndios causados pela ação humana. O estudo dos pesquisadores, portanto, não apenas revela os impactos ambientais causados pelos incêndios, mas também chama a atenção para a urgência na preservação dessa espécie única e fundamental para a biodiversidade do Pantanal.


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