Papagaio-verdadeiro: ameaças à espécie e iniciativas de conservação

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Foto: PPV Dione Sales/PEVRI

O papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), uma das aves mais carismáticas da fauna brasileira, enfrenta sérios desafios à sua sobrevivência devido ao tráfico ilegal e à destruição de seu habitat natural.

Um levantamento realizado pelo Projeto Papagaio-verdadeiro, da Fundação Neutrópica do Brasil, revela um dado alarmante: em 30 anos, aproximadamente 12,5 mil filhotes da ave foram apreendidos no estado de Mato Grosso do Sul. No entanto, conforme alerta a zootecnista Gláucia Seixas, doutora em Ecologia e Conservação e coordenadora do projeto desde sua fundação, esse número representa menos de 10% dos filhotes que são efetivamente capturados de forma ilegal.

“A prática do tráfico de papagaios envolve métodos cruéis, como o saque de ninhos e a destruição das árvores onde eles se abrigam, o que coloca em risco a sobrevivência da espécie”, explica Gláucia. Esse fenômeno, que afeta não apenas a fauna, mas também o equilíbrio ecológico das regiões, se agrava com a expansão da agricultura e pecuária. Segundo a pesquisadora, essas atividades têm eliminado as árvores que servem como ninhos naturais para o papagaio-verdadeiro. Em algumas áreas de Mato Grosso do Sul, as taxas anuais de arrombamentos de ninhos variam entre 55% e 85%, o que prejudica ainda mais a reprodução da espécie.

Embora o papagaio-verdadeiro não esteja oficialmente listado como uma espécie ameaçada de extinção, ele é considerado “quase ameaçado”, o que significa que, se o tráfico de ovos e filhotes e a perda de habitat continuarem sem controle, a ave poderá, em breve, figurar entre as espécies em risco de extinção.

Iniciativas de Conservação: “Adote um Ninho”

Em resposta a esse cenário, o projeto Papagaio-verdadeiro criou o “Programa de Ninhos Artificiais para os Verdadeiros”, lançado em 2019. A iniciativa visa suprir a escassez de locais seguros para a reprodução da espécie, um dos maiores obstáculos para a preservação do papagaio-verdadeiro.

Gláucia Seixas explica que, após a instalação dos ninhos artificiais, os papagaios ocupam os novos locais em menos de 24 horas. A ação também beneficia outras 14 espécies de aves que se utilizam desses ninhos. Desde o início do programa, 450 ninhos foram confeccionados e 350 instalados em áreas seguras de Mato Grosso do Sul. A meta para 2025 é instalar mais 200 ninhos. Para viabilizar a produção e instalação dos ninhos, o programa lançou a campanha “Adote um Ninho e seja Amigo(a) do Louro”, que convida a população a contribuir financeiramente para a causa.

“Com uma doação, qualquer pessoa pode ajudar na fabricação, instalação e monitoramento dos ninhos. Além disso, os padrinhos e madrinhas recebem informações sobre os ninhos adotados, imagens e um certificado digital, podendo até batizar o ninho”, explica a coordenadora do projeto.

O Papel da Sociedade na Conservação

Além de participar das campanhas de adoção de ninhos, o projeto incentiva ações concretas para proteger a ave. Gláucia Seixas reforça a importância de não comprar papagaios oriundos da vida livre, uma prática que alimenta o tráfico de animais e pode levar à extinção da espécie. A população também é estimulada a denunciar o tráfico de animais, plantar e proteger árvores, além de promover a conscientização sobre a preservação do papagaio-verdadeiro na natureza.

“É fundamental que os filhotes permaneçam com seus pais nos ninhos naturais. Quando as pessoas compram papagaios nascidos em vida livre, estão, indiretamente, financiando o tráfico de animais silvestres e cometendo um crime ambiental”, alerta Gláucia.

 

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