Estudo revela impactos da monocultura do eucalipto no Bolsão de MS

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plantação de eucalipto

O Jornal Campo Grande News publicou um estudo conduzido pelo gestor ambiental Valticinez Santiago, da DG – Consultoria de Projetos Ambientais. A pesquisa identificou a degradação de pelo menos 350 nascentes, consequência do alto consumo hídrico da cultura e da redução na infiltração da água no solo. A monocultura do eucalipto afeta nascentes e a economia do Bolsão de MS,

Além disso, a conversão de áreas produtivas para o cultivo de eucalipto comprometeu a agropecuária local, resultando em migração populacional e prejuízos econômicos. Cidades como Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo e Brasilândia, embora líderes na produção de celulose, sofrem com a queda da arrecadação e a perda de empregos.

Consumo hídrico e degradação das nascentes

O levantamento revelou que o comportamento hídrico do eucalipto impacta diretamente os recursos hídricos da região. Por exemplo, a espécie retém parte da água da chuva em sua copa, reduzindo a infiltração no solo e dificultando a recarga dos lençóis freáticos. Dessa forma, a disponibilidade hídrica para rios e nascentes se torna ainda mais crítica, especialmente em períodos de estiagem.

A pesquisa também comparou o consumo hídrico do eucalipto com outras espécies e concluiu que seu rápido crescimento exige um volume significativo de água.

Estudos internacionais citados indicam que algumas variedades da árvore podem consumir até 46,2 litros por dia, reforçando a necessidade de um manejo sustentável para evitar danos irreversíveis.

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A nascente está marcada no ponto vermelho e está rodeada de plantações de eucalipto, diz estudo (Foto: Reprodução)

Efeitos econômicos e desafios sociais

A monocultura do eucalipto afeta nascentes e a economia do Bolsão de MS, não apenas pela degradação ambiental, mas também pela concentração de investimentos no setor de celulose. Municípios que fornecem matéria-prima enfrentam perdas financeiras, redução no comércio local e queda no ICMS Ecológico. Com isso, assentamentos rurais e pequenos produtores são os mais prejudicados.

O IBGE (2022) aponta Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo e Brasilândia entre os maiores produtores florestais, mas sem benefícios equitativos. Especialistas cobram políticas de distribuição justa.

Debate público e mudanças na legislação

Diante dos impactos socioambientais, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul realizará uma audiência pública no dia 12 de março, às 14h, no Plenarinho Deputado Nelito Câmara. O debate abordará os desafios da monocultura do eucalipto e a concessão da hidrovia do Rio Paraguai, buscando soluções que equilibrem produção e sustentabilidade.

Paralelamente, o setor de silvicultura comemora mudanças na legislação. A recente Lei 14.876/2024 retirou a silvicultura do rol de atividades potencialmente poluidoras, facilitando o licenciamento e isentando empresas do pagamento da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA). Para representantes do setor, essa medida impulsiona investimentos e fortalece a economia verde.

No entanto, para comunidades rurais do Bolsão, a preocupação persiste. A falta de políticas compensatórias e estudos conclusivos sobre os impactos da monocultura do eucalipto exigem atenção urgente.

“A monocultura do eucalipto trouxe crescimento econômico, mas é preciso equilibrar isso com a preservação ambiental e a qualidade de vida das comunidades locais”, alerta Valticinez Santiago.

Pantanal Oficial

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