Além da incrível descoberta da nova espécie de tatu gigante, Holmesina criptae, com 21 mil anos de idade, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) tem acumulado uma série de achados fascinantes que revelam muito sobre a vida animal que habitou o continente americano há milhões de anos.
Estudos de Peontologia
No Laboratório de Paleontologia da UFSCar, foram encontradas pegadas de mamíferos com impressionantes 135 milhões de anos, ossos que datam de 85 milhões de anos, e até a primeira evidência científica no mundo do que seria o “xixi” de dinossauro — um marco histórico para a paleontologia. Essas descobertas revelam um panorama rico e ainda pouco explorado da fauna pré-histórica que existiu na região.
Voltando ao tatu gigante, as pesquisas não param: as alunas de doutorado Carolina Nascimento e Nancy Rêgo, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da UFSCar, aprofundam as investigações sobre o animal e seus companheiros de época. Carolina estuda a relação entre parasitas e tatus extintos, revelando detalhes sobre a saúde e o ambiente desses animais pré-históricos.
Já Nancy foca nos ossos do quarto indivíduo encontrado na mesma caverna onde conseguiram descobrir a ossada de Holmesina criptae — um filhote que viveu junto com o tatu gigante, sugerindo uma complexa comunidade de animais na Chapada Diamantina há milhares de anos.

A equipe de arqueólgos encontrou as ossadas acidentalmente, em 2014. Marcelo Adorna Fernandes enviou fotos do esqueleto para uma análise, que determinou que não se tratava de um animal atual. Podia ser apenas ossos de vaca ou de uma cabra, mas era na verdade um raro exemplar de herbívoro pré-histórico.
O tatu gigante pertenceu à uma megafauna, extinta há cerca de 10 mil anos. Além disso, o conjunto estava composto por seres vivos gigantescos – entre eles, preguiças gigantes, enormes capivaras e tigres-dente-de-sabre. Todos costumavam andar por terras brasileiras, e a quantidade de espécies desse período era bem significativa. Só os estudos de um naturalista dinamarquês apontaram a existência de mais de 12 mil ossos de animais dessa época.

Holmesina criptae — o tatu gigante das cavernas

Esse tatu gigante viveu há cerca de 21 mil anos e fazia parte da megafauna sul-americana, um grupo de animais enormes que conviveram com os primeiros humanos no continente. Com mais de 2 metros de comprimento e pesando cerca de 200 quilos, Holmesina criptae era bem maior do que os tatus que conhecemos hoje.
Características físicas e descobertas
- O esqueleto é o mais completo já encontrado no Brasil para um tatu pré-histórico.
- Detalhes no crânio, mandíbula e dentes ajudaram os pesquisadores a identificarem que se trata de uma nova espécie.
- O animal provavelmente vivia em cavernas, como sugere a conservação dos ossos encontrados.
- A ossada é descoberta, mas escavada com muito cuidado para preservar cada detalhe — desde a recuperação na caverna até a análise em laboratório.
Por que era tão gigante?
Contudo, acredita-se que o tamanho, avantajado, em razão da abundância de alimento e espaço disponíveis na época. Durante a Era do Gelo, o clima e o ambiente favoreciam o desenvolvimento de animais maiores. Com a chegada dos humanos e as mudanças climáticas, esses animais começaram a diminuir de tamanho ou até desapareceram.
O paleoartista e a reconstituição
Por fim, inspirado nos tatus atuais, o artista Julio Lacerda recriou a imagem(destacada) do Holmesina criptae, incluindo sua relação com o ambiente das cavernas.
Foto Destacada: Ilustração/Julio Lacerda/Paleoarte - Fonte: Guia da Chapada Diamantina
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