Bombeiros de MS desenvolvem estudo pioneiro sobre exposição ao monóxido de carbono em incêndios florestais

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Pesquisa apresentada em Brasília revela riscos invisíveis enfrentados por combatentes florestais e propõe soluções inovadoras e de baixo custo para preservar a saúde dos bombeiros.

O Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul (CBMMS) apresentou, durante o 1º Seminário Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (SNPCIF), realizado no dia 25 de junho em Brasília, um estudo inédito sobre a exposição de bombeiros ao monóxido de carbono (CO) durante operações de combate a incêndios — um problema crescente, especialmente em biomas como o Pantanal.

A pesquisa, conduzida pelos tenentes-médicos Rodolfo Xaubet e Pietra Zorzo, analisou os níveis de carboxiemoglobina (substância resultante da ligação do CO com a hemoglobina) em 12 bombeiros durante treinamento prático. Os resultados foram alarmantes: todos apresentaram intoxicação detectável, com variações de 2% a 12% — mesmo em turnos curtos.

“A partir de 12%, já existem relatos de lesões cardíacas. E mesmo valores baixos demonstram que o corpo está sob estresse”, explicou o tenente Xaubet durante sua apresentação no evento.

O monóxido de carbono é um gás invisível e inodoro, considerado a principal causa de mortes por inalação no mundo. Segundo os autores, o esforço físico aliado à inalação constante durante os turnos provoca um ciclo fisiológico perigoso: o corpo tenta compensar a falta de oxigênio, o que intensifica ainda mais a absorção do gás tóxico.

Solução simples e eficaz

Como alternativa de monitoramento não invasivo, os militares utilizaram o oxímetro Rad-57®, dispositivo portátil que mostrou alta precisão em comparação com exames hospitalares. A tecnologia permite que a equipe identifique e intervenha precocemente, sem interromper as operações.

A Tenente Pietra Zorzo reforçou a importância da disseminação da prática:

“Outros estados já estão nos procurando para replicar o modelo da URSA. Valorizamos a saúde da tropa porque ela é o maior ativo da corporação.”

Avanço técnico e humano

Além de prevenir riscos fisiológicos sérios — como arritmias e eventos cardiovasculares — o estudo recomenda o reforço de protocolos de descanso, rodízio e uso de EPIs. Os dados agora servirão de base para novas diretrizes operacionais e pesquisas futuras com mais participantes.

O trabalho integra o mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, com orientação dos professores Eduardo de Castro Ferreira e Silvia Heredia Vieira, da Universidade Anhanguera Uniderp.

“Esse é um marco. É ciência aplicada à prática, que salva vidas e melhora a atuação em campo”, destacou o Coronel Cezar, Diretor da Diretoria de Saúde do CBMMS.

Para o contexto regional

A pesquisa é especialmente relevante para Mato Grosso do Sul, onde os incêndios florestais no Pantanal têm se intensificado ano após ano. Em 2020, a região registrou um dos maiores desastres ambientais da década, colocando os bombeiros em longas exposições à fumaça. Este estudo, portanto, reforça a importância de proteção à saúde desses profissionais essenciais.

Fonte: Assessoria de Comunicação/CBM MS

PORTAL PANTANAL OFICIAL

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