Um dos mais importantes marcos históricos de Mato Grosso do Sul, o Forte Coimbra, localizado no Pantanal, celebrou 250 anos neste sábado (20) com uma solenidade militar que reuniu autoridades estaduais e federais. O evento marcou também o lançamento da pedra fundamental da obra de restauração do monumento, estimada em R$ 19 milhões.
Participaram da cerimônia o governador Eduardo Riedel, o ministro da Defesa José Múcio, o comandante do Exército general Tomás Paiva e o comandante do Comando Militar do Oeste (CMO), general Alcides de Faria. A iniciativa busca preservar a memória da fortificação e reforçar sua relevância histórica, cultural e estratégica para o Brasil.
Um marco da engenharia militar brasileira
Fundado em 1775, o Forte Coimbra nasceu de uma ordem do então Capitão-General da Capitania de Mato Grosso, Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, que designou o capitão Matias Ribeiro da Costa para erguer uma fortificação que garantisse a presença portuguesa na região e afastasse os espanhóis.
No início, a estrutura era simples: uma paliçada de troncos de carandá com telhados de palha. Em 1797, o comando passou ao tenente-coronel Ricardo Franco de Almeida Serra, que projetou uma nova construção em pedra e cal, moldada às curvas da colina às margens do rio Paraguai — uma obra considerada inovadora para a época.
O Forte se destacou em 1801, ao resistir a um cerco de nove dias contra quatro navios espanhóis e quase 900 homens, defendido por apenas 50 soldados e 60 civis. Décadas depois, durante a Guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), voltou a ser alvo, dessa vez pelas forças paraguaias. Com cerca de 150 militares, 20 indígenas aliados e famílias residentes, a resistência marcou a história da defesa do território.
A fé também se entrelaça à história do Forte: a imagem de Nossa Senhora do Carmo, padroeira local, tornou-se símbolo da proteção durante os conflitos. Até hoje, moradores da vila militar celebram sua festa religiosa em 16 de julho, considerada uma das mais antigas do Estado.
Patrimônio histórico e futuro turístico
Reconhecido como patrimônio nacional pelo Iphan em 1974, o Forte Coimbra permanece sob jurisdição do Exército, que mantém guarnição e desenvolve ações estratégicas no local, incluindo combate a ilícitos fronteiriços e prevenção de incêndios no Pantanal.
Com a restauração ampla, o monumento estará apto a pleitear o título de Patrimônio Mundial da Unesco, ampliando sua visibilidade internacional.
O Governo do Estado também atua como parceiro no projeto, investindo R$ 40 milhões na implantação da MS-454, estrada que garantirá acesso terrestre ao Forte. A iniciativa visa estimular o turismo sustentável, reforçar a educação patrimonial e valorizar Mato Grosso do Sul como destino cultural e histórico.
A restauração foi contratada pelo Iphan e será viabilizada por meio de um acordo entre o Comando Militar do Oeste (CMO) e a Associação Pró-Cultura e Promoção das Artes (APPA), que fará a captação de recursos via Lei de Incentivo à Cultura.
Fonte: Comunicação Governo de MS
Fotos: Saul Schramm
