No Pantanal, cientistas coletam sêmen de onças-pintadas para salvar populações isoladas

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No coração do Pantanal Sul-Matogrossense, pesquisadores desenvolveram uma estratégia inovadora para enfrentar um dos maiores desafios da conservação da onça-pintada (Panthera onca): o isolamento de populações e a consequente perda de variabilidade genética.

Com a destruição de grandes áreas de habitat, muitos felinos hoje percorrem territórios menores e tendem a se reproduzir apenas entre indivíduos próximos, aumentando a consanguinidade e o risco de extinção local.

Banco de germoplasma em vida livre

A equipe do Instituto Reprocon, em parceria com universidades e órgãos ambientais, captura temporariamente onças no Pantanal usando armadilhas humanitárias para coletar sêmen e outros materiais biológicos como sangue e tecido. Esses materiais são então congelados e armazenados em um banco de germoplasma — o primeiro do mundo para onças-pintadas de vida livre.

O objetivo é preservar a variedade genética de animais de diferentes regiões, de forma que esse material possa futuramente ser usado para inseminação artificial, fertilização in vitro ou até clonagem, fortalecendo populações isoladas e reduzindo o risco de extinção.

Processo de coleta em campo

No Pantanal, armadilhas de laço são estrategicamente posicionadas em áreas com maior probabilidade de presença de onças. Quando um animal é capturado, ele é rapidamente sedado para minimizar o estresse. Veterinários então coletam informações biométricas e amostras biológicas, incluindo sêmen através de uma técnica farmacológica desenvolvida para garantir conforto e segurança ao animal.

Essas amostras são então armazenadas em nitrogênio líquido a temperaturas muito baixas (cerca de −196 °C), o que permite sua conservação por décadas sem perda de qualidade.

Conservação e manejo genético

A coleta não se limita ao Pantanal: pesquisadores Buscam geneticamente material também de onças de outros biomas, como Cerrado e Caatinga, para ampliar a diversidade genética disponível. À medida que mais amostras são adicionadas ao banco, aumentam as opções de cruzamentos planejados e intervenções que podem fortalecer populações em risco.

Segundo especialistas consultados na reportagem, esse tipo de banco de germoplasma pode ser crucial para planejamento reprodutivo de longo prazo, tanto em vida livre quanto em programas de conservação em cativeiro, chamados ex situ.

Integração de métodos de conservação

Embora essa tecnologia represente um avanço importante, especialistas destacam que ela não substitui a proteção dos habitats naturais. A conservação integrada, incluindo preservação de áreas contínuas, criação de corredores ecológicos, combate ao desmatamento e redução de conflitos com humanos, continua essencial para a sobrevivência da espécie.

PORTAL PANTANAL OFICIAL

Fonte:  Com base na reportagem de Adele Santelli para a National Geographic Brasil 
Foto destacada: Pantanal Oficial/arquivo

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