BBC News recentemente publicou uma matéria sobre a construção de uma nova rodovia em Belém do Pará, prevista para melhorar o tráfego durante a COP30, acende um alerta sobre desmatamento e impactos ambientais.
A via de 13 km corta uma área protegida da Amazônia e levanta questionamentos sobre a coerência de sua construção, já que a conferência tem como objetivo discutir soluções para a crise climática.
Moradores e ambientalistas criticam a obra, destacando os danos à biodiversidade e o impacto nas comunidades locais. Já o governo do Pará defende a iniciativa, alegando que o projeto trará benefícios para a mobilidade urbana e que medidas de mitigação estão sendo implementadas.
Impacto na biodiversidade e na fauna
A construção de uma estrada para a COP30 gera polêmica sobre desmatamento na Amazônia e preocupa especialistas em meio ambiente. A fragmentação da floresta pode dificultar o deslocamento da fauna e comprometer ecossistemas inteiros. De acordo com a professora Silvia Sardinha, pesquisadora em vida silvestre, a rodovia limitará áreas de soltura de animais reabilitados, além de aumentar o risco de atropelamentos.

Para minimizar esses impactos, o governo afirma que está implantando passagens para animais ao longo do percurso. No entanto, ambientalistas questionam a real eficácia dessas medidas diante do desmatamento gerado pela obra.
Comunidades locais sem acesso aos benefícios
A população que vive próxima à rodovia enfrenta incertezas sobre seu futuro. Claudio Verequete, morador da região, afirma que a estrada comprometeu sua fonte de renda ao destruir áreas de colheita de açaí. Além disso, comunidades locais não terão acesso direto à via devido à construção de muros ao longo do trajeto.
“Onde vamos conseguir trabalho agora? Para onde vamos se um dia precisarmos sair?”, questiona Verequete, temendo a especulação imobiliária na região.
COP30 e o paradoxo da sustentabilidade
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacam a importância da COP30 para dar visibilidade à Amazônia e às ações do governo em prol da sua preservação.
No entanto, a construção de uma estrada para a COP30 gera polêmica sobre desmatamento na Amazônia, levantando dúvidas sobre o real compromisso com a conservação ambiental.
A falta de diálogo com as comunidades locais e o impacto da obra colocam em xeque a coerência da iniciativa. O evento, que deveria ser um marco na luta contra as mudanças climáticas, começa cercado por controvérsias ambientais e sociais.
Nota do Governo do Pará:
A obra da Avenida Liberdade não está derrubando a floresta, não envolve a retirada de moradores e não faz parte do pacote de investimentos federais e estaduais para a COP 30. O rito de licenciamento ambiental foi rigorosamente cumprido, inclusive com audiências públicas para ouvir as comunidades e discutir mitigação de riscos, que condicionam todo o licenciamento. As comunidades estão sendo beneficiadas com infraestrutura e serviços que vão resultar em melhora da qualidade de vida.
A avenida é um projeto antigo e está sendo construída em uma área já antropizada, por onde passa um linhão de energia. O traçado segue justamente a faixa onde a vegetação foi anteriormente suprimida. O Governo do Pará está implementando diversas soluções estratégicas para assegurar a sustentabilidade da via, incluindo a construção de ciclovias, a utilização de energia solar para sua iluminação e a implantação de 34 passagens de vida silvestre ao longo do percurso para permitir o livre tráfego da fauna local.
A avenida de cerca de 13 km é uma importante obra de mobilidade para a Região Metropolitana de Belém, vai beneficiar mais de 2 milhões de pessoas e foi licitada antes mesmo de Belém ser definida como sede da conferência. Esse projeto não faz parte do pacote de investimentos para a COP, que contempla cerca de 30 obras estruturantes desenvolvidas pelo governo do Estado.
Foto Destaque: Paulo Koba
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