Um novo capítulo na história da ciência começa com o envio de mais de dois mil cilindros de sedimentos amazônicos para análise nos Estados Unidos. Esses tubos plásticos, conhecidos como “testemunhos”, foram extraídos de uma perfuração de 924 metros na Ilha de Marajó (PA) e guardam vestígios de plantas, rochas, solos e cinzas. Eles narram cerca de 25 milhões de anos da história da Amazônia.
Projeto de Perfuração Transamazônica
Em matéria publicada pelo Jornal da Usp, a coleta faz parte do Projeto de Perfuração Transamazônica (TADP), uma iniciativa internacional que une cientistas de 12 países. O projeto visa decifrar a evolução do clima, da biodiversidade e dos rios amazônicos ao longo do tempo. Além disso, busca entender quais eventos geológicos moldaram esse cenário.
Análise dos Sedimentos
Os pesquisadores analisam grãos de quartzo e traços de pólen para determinar a idade e a origem dos sedimentos. A luminescência desses grãos ajuda a rastrear sua procedência, informando se vieram dos Andes, do Planalto das Guianas ou de outras áreas da Bacia Amazônica. Essas informações revelam como os sistemas fluviais se reconfiguraram ao longo dos milênios, especialmente após o soerguimento da Cordilheira dos Andes, um evento crucial para a formação do atual curso do Rio Amazonas.
Extração em Outros Locais
Além do núcleo perfurado na Ilha de Marajó, o projeto realizou outra extração no Acre, em 2023, com profundidade semelhante. Os cientistas enviaram os testemunhos coletados para a Universidade de Minnesota, onde laboratórios parceiros os abrirão e analisarão.
Os cientistas sentem otimismo em relação ao material coletado. Eles acreditam que os dados obtidos podem gerar avanços significativos na compreensão da história climática e ecológica da Amazônia. Além disso, essas informações podem embasar futuras estratégias de preservação.
Desafios e Resultados
Embora a equipe não tenha alcançado os dois mil metros previstos, as expedições resultaram nos registros mais profundos já obtidos na região. O trabalho exigiu 280 dias de campo, com turnos ininterruptos sob calor extremo e isolamento. Mesmo assim, o saldo é um marco científico.
Por fim, as cápsulas do tempo da amazônia, agora sob análise, que podem revelar histórias sobre a floresta que abriga a maior biodiversidade do planeta.
Saiba mais aqui: JornalUSP - Foto: Carlos Mazoca / IGC-USP
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