Membro da equipe de monitoramento do Cabeceiras do Pantanal, o biólogo Wener Hugo Arruda Moreno explica que um dos primeiros peixes a dar indícios de surgimento da decoada é a arraia.
Quando ela passa ser vista com mais intensidade nas margens dos rios, é indicativo do fenômeno estar em curso.
Além disso, existe também uma preocupação em termos de ferimentos, pois esse peixe tem uma cauda com espinho.
A raia ocorre nos rios, vazantes, corixos e baías do Pantanal. Alimentam-se de pequenos peixes, crustáceos e moluscos. O peixe apresenta um espinho com veneno na região caudal.
Existem 3 espécies de raias no Pantanal e a crença popular é que se devem arrastar os pés ao entrar em rios e corixos do Pantanal, para que tal movimento afugente as raias e evite as picadas, extremamente dolorosas.
“É o primeiro peixe a boiar no rio Paraguai quando se inicia o fenômeno da decoada, isto é, mortandade de peixes causada por deficiência de oxigênio na água”, esclarece.
Wilson Malheiros, gestor de manutenção na Rede de Proteção e Conservação da Serra do Amolar (Rede Amolar) pelo IHP, identifica que o fenômeno no Alto Pantanal passou a ser notado por comunidades ribeirinhas em meados de abril de 2023. Quando a cheia está maior no bioma, há registros de decoada a partir de março. A retomada de peixes onde ocorre o fenômeno costuma demorar o período de até 30 dias após os primeiros registros.
“Aqui na região da Barra do São Lourenço, Amolar, no Alto Pantanal, a decoada não foi percebida com intensidade, como já ocorreu em anos anteriores. Neste ano, foi mais fraca nessa área e afetou mais os peixes menores. Pela percepção que tivemos, foram poucos registros de pacu, pintado sendo afetados na margem do rio. Já com relação aos armal, roque-roque, traíra, foi notado que foram mais afetados. Porém, agora no começo de maio, a água já está limpando”, detalha Malheiros, que vive na região da Serra do Amolar.