Caso Jorginho: o caseiro que foi morto por onça-pintada no Mato Grosso do Sul

Compartilhe esta publicação :

Facebook
X
WhatsApp
Threads

Na manhã de segunda-feira, 21 de abril de 2025, um caso trágico chocou moradores e frequentadores da região pantaneira de Mato Grosso do Sul. Jorginho, conhecido ribeirinho e caseiro do pesqueiro Touro Morto, zona rural de Aquidauana, local cerca de 150 km do município Miranda.

Os relatos são de que Jorge teria desaparecido enquanto cumpria suas rotinas às margens do Rio Miranda. O desfecho trágico revelou um ataque fatal de onça-pintada. O caso chocou o Brasil, gerando uma onda de comoção e levantando discussões sobre segurança em áreas de convivência com a fauna silvestre.

QUEM ERA JORGINHO?

Jorge Ávalo era uma figura conhecida no Pantanal Sul. Pai de dois filhos, o caseiro de 60 anos, por mais de duas décadas, viveu em uma barraca às margens de rios, sobrevivendo da pesca e venda mel.

Recentemente, assumiu o trabalho de caseiro no pesqueiro, mas manteve sua relação íntima com a vida ribeirinha.

UMA PREMONIÇÃO EM VÍDEO?

Dias antes do desaparecimento, o parente de Jorge compartilhou um registro(video ao lado) onde comentava, com humor, a presença constante de onças no local.

Em uma dessas gravações, ele relatava um episódio de rivalidade entre felinos na área do pesqueiro, próximo onde dormia — um prenúncio trágico do que estava por vir.

O DESAPARECIMENTO

Pela manhã do dia 21/04/2025, amigos e parentes perceberam sua ausência.

Como de costume, o cunhado de Jorge foi ao pesqueiro e também, já suspeitando o que poderia ter acontecido.

Após procurar pelo local, encontrou pegadas grandes de onças e resquícios humanos na passarela que dá acesso ao rio, o que o levou a acionar as autoridades imediatamente.

A PROCURA PELO CORPO

Do outro lado, estavam equipes da Polícia Militar Ambiental com apoio de guias locais e de pesquisadores. Assim, iniciando as buscas intensas com helicópteros e dronesdurante a operação.

Encontrado!

Localizado por volta das 6h pelo cunhado, conhecido como Magrão, e por dois amigos que retomaram as buscas logo ao amanhecer. Em um áudio enviado a conhecidos, Magrão comemorou o achado: “Achei o Jorge, viu? Não falei para vocês ontem, que eu ia achar meu cunhado? Deus me guiou certinho, eu sabia onde ele ia estar”.

Restos do corpo de Jorginho e as pernas foram encontrados a cerca de 300 metros do rancho.

Além disso, a onça ainda estava próxima, e chegou a reagir à aproximação, arrastando parte dos restos novamente para a mata, no entanto, os homens conseguiram afasta-la do local.

A INVESTIGAÇÃO ABRIU VÁRIAS EVIDÊNCIAS DA REGIÃO TURÍSTICA

As autoridades suspeitam da prática da ceva em Aquidauana — um método ilegal que consiste em atrair animais silvestres com alimentos. Essa técnica, embora proibida, ainda é praticada em algumas áreas.

Em 2020, o biólogo Sérgio Barreto, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), já havia alertado sobre os riscos dessa prática (por guias e outros pescadores). Vídeo gravado na região próxima ao ataque:

No entanto, parentes e amigos negam essa hipótese, alegando que Jorginho nunca faria algo ilegal, como a própria ceva. Que simplesmente, a onça o teria caçado igual a um animal qualquer.

Nas imagens das câmeras de segurança do pesqueiro, é possível ver o animal perambulando pelo local semanas antes do acontecido.

O PODER DAS ONÇAS

As onças-pintadas(Panthera onca), além de suas técnicas adaptáveis de caça, elas também são conhecidas por sua força. Um indivíduo adulto pode arrastar presas que superam seu peso corporal. Elas são conhecidas por serem “esmagadoras de crânios” devido a sua forca descomunal na mandíbula desses felinos. Essa capacidade impressionante reforça a plausibilidade do ataque registrado no caso investigado.

🎥 ATUALIZAÇÕES DA CAPTURA DO ANIMAL

Uma onça-pintada voltou a ser vista no pesqueiro Touro Morto, no Pantanal, local onde o caseiro Jorge foi atacado e morto no início desta semana.

A nova aparição aconteceu na noite de terça-feira (22) e gerou apreensão entre os moradores da região.

Segundo relatos, o animal voltou novamente a área destinada à limpeza de peixes.

CONVIVÊNCIA E PREVENÇÃO

Especialistas ressaltam que ataques fatais a humanos são extremamente raros e ocorrem, geralmente, quando os animais se sentem ameaçados. A convivência entre humanos e onças-pintadas deve ser respeitosa. Ainda assim, visitas a locais com presença de grandes felinos devem sempre contar com a orientação de guias locais experientes em respeito aos limites da fauna.

O caso de Jorginho pode evidenciar os riscos da presença humana em habitats selvagens (ou zonas rurais) e a importância de práticas responsáveis em áreas de turismo. A tragédia serve de alerta para que se reforce a educação ambiental, medidas de segurança e combate à práticas ilegais, promovendo uma convivência segura entre humanos e a fauna pantaneira.

A recomendação é aguardar o inquérito final da perícia!

Situações como essa, quando tratadas sem base em informações concretas, podem provocar reações extremas e prejudiciais, agravando ainda mais a situação de uma espécie que já enfrenta inúmeras ameaças — como a destruição do habitat, atropelamentos, caça ilegal e incêndios.

Coletiva de imprensa – 23/04/2025

Conforme a Semadesc, a iniciativa busca capturar o animal e transferi-lo para Campo Grande(MS). Na capital, o felino pode passar por análise no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) para definir as providências adequadas ao caso.

O secretário-executivo da Semadesc, Artur Falcette, ressalta que ataques desse tipo são extremamente incomuns na região. “Estamos diante de um caso muito atípico. Esse não é um comportamento habitual da espécie. A captura do animal é essencial para entendermos o que motivou essa atitude e para que possamos estudar seu comportamento com mais precisão”, explicou.

Uma das poucas certezas até o momento é a de que havia oferta de alimento, conhecido como ceva, para atrair animais silvestres no local. A prática, além de configurar crime ambiental, é extremamente perigosa, pois pode provocar alterações no comportamento natural dos animais.”, destacou o coronel José Carlos Rodrigues, comandante da Polícia Militar Ambiental a imprensa.

24/04/2025

Por fim, o caso segue em investigação pelas autoridades competentes, que apuram as circunstâncias do ocorrido com base em evidências encontradas nas câmeras do local. O Pantanal Oficial permanece à disposição para esclarecimentos oficiais, dos familiares e atualizações conforme o avanço das apurações.

Em uma década documentando o Pantanal Norte e Sul, esta é a primeira vez que testemunhamos uma tragédia como essa. Lamentamos profundamente a morte de Jorginho e expressamos nossa solidariedade à sua família.

PORTAL PANTANAL OFICIAL

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *