A Comissão Pastoral da Terra (CPT), por meio do Centro de Documentação Dom Tomás Balduino (Cedoc), identificou 2.185 conflitos no campo brasileiro em 2024. Os registros por terra totalizaram 1.768 ocorrências, cerca de 80% do total, configurando o maior número da última década. O levantamento também aponta aumento nas disputas por água.
De acordo com a CPT, os conflitos por terra envolveram 904.532 pessoas e englobaram despejos, ameaças, destruição de moradias e grilagem. Apesar de certa redução em algumas categorias de violência, os dados mostram crescimento em ameaças de expulsão, desmatamento ilegal e incêndios, que afetaram regiões como a Amazônia Legal e o Matopiba.
O Maranhão aparece com o maior número de ocorrências por terra (363), seguido por Pará, Bahia, Rondônia e Amazonas. Contudo, outros estados também registraram aumentos relevantes, como Mato Grosso, que concentrou 25% dos incêndios florestais no país, e Mato Grosso do Sul, onde ocorreram ações violentas associadas com alguns fazendeiros.
Em relação aos conflitos pela água
O relatório contabilizou 266 ocorrências. A maior parte está ligada à resistência contra destruição de nascentes, poluição por agrotóxicos e disputas por uso de rios e lençóis freáticos. Os principais estados afetados foram Pará, Maranhão, Minas Gerais e Bahia, mas MT e MS também constam entre os territórios impactados.
Na divisão por regiões, a Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia) apresentou leve alta nos conflitos por terra, enquanto o Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) bateu recorde histórico. Na Amazônia Legal, foram registrados 998 conflitos por terra e 155 por água, com destaque para o uso do fogo como ferramenta de expulsão.
Os principais causadores das violências seguem sendo fazendeiros (44%), grileiros, empresários e madeireiros. Povos indígenas, quilombolas, posseiros e ribeirinhos estão entre os grupos mais atingidos.
As estatísticas de 2024 também revelam aumento nos casos de contaminação por agrotóxicos, que saltaram de 32 para 276, sobretudo no Maranhão. A CPT atribui esse avanço à pulverização aérea próxima a comunidades tradicionais.
O relatório completo pode ser acessado por meio dos canais oficiais da CPT nacional ou clicando aqui.
Foto: arquivo/Pantanal Oficial
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