Entre os registros mais emblemáticos da vida selvagem pantaneira, destaca-se a impressionante fotografia “Deadly Bite”, capturada pelo fotógrafo britânico Ian Ford. A imagem revela o exato momento em que uma onça-pintada (Panthera onca) aplica uma “mordida fatal” no crânio de um jacaré-do-pantanal (Caiman yacare) — um ataque cirúrgico, típico de um predador de topo.
Como aconteceu?
Contudo, o registro não foi fruto do acaso. Ian recebeu, via rádio, o alerta de que uma onça havia sido avistada às margens de um afluente do rio São Lourenço, no Pantanal mato-grossense. Embarcou imediatamente. Após cerca de 30 minutos de navegação, chegou ao local no momento exato do ataque. Assim, ajoelhado no barco, conseguiu o ângulo perfeito para eternizar a cena — uma demonstração crua da cadeia alimentar no bioma pantaneiro.
Mais que uma fotografia, “Deadly Bite” tornou-se um testemunho visual da potência selvagem e da complexa beleza ecológica do Pantanal. Além disso, a imagem foi finalista do prêmio Wildlife Photographer of the Year 2024, promovido pelo Natural History Museum de Londres, e mobilizou comunidades de conservação e admiradores da fauna sul-americana ao redor do mundo.
O Pantanal e suas onças
O Pantanal brasileiro abriga a maior densidade de onças-pintadas do planeta, segundo o Panthera Institute e pesquisadores do projeto Onçafari. A abundância de presas — como jacarés, capivaras, queixadas e antas — reduz a competição entre os indivíduos e permite comportamentos raramente vistos em outros habitats.
A técnica usada pela onça para abater o jacaré é uma especialidade da região. Enquanto onças de outras áreas do continente morderiam o pescoço de suas presas, as onças do Pantanal desenvolveram a habilidade de perfurar diretamente o crânio, atingindo o cérebro e garantindo uma morte instantânea. Essa estratégia demanda força mandibular extrema e conhecimento anatômico herdado por gerações.
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