Especialistas portugueses acompanham combate a incêndios no Pantanal

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Emas avistadas pelo Gretap no Pantanal (Foto: Bruno Rezende)

Em um esforço para mitigar os devastadores incêndios florestais que assolam o Pantanal, especialistas portugueses realizaram um intercâmbio no Brasil, focando na troca de conhecimentos e estratégias de combate ao fogo. Este mês, representantes da Agência de Gestão Integrada de Fogos Rurais (Agif) e do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) estiveram no Brasil para colaborar com profissionais locais e analisar o cenário de incêndios no bioma pantaneiro.

O intercâmbio surge como uma resposta à crescente devastação no Pantanal, que, assim como Portugal em 2017, enfrenta uma crise de incêndios florestais. Em 2017, Portugal sofreu uma tragédia com incêndios que resultaram em 64 mortes, mais de 250 feridos e prejuízos estimados em 500 milhões de euros (aproximadamente R$ 2,9 bilhões). Naquela época, os incêndios devastaram vastas áreas da região central do país europeu.

Desde outubro de 2023, o Pantanal vem sofrendo com incêndios quase contínuos, concentrando-se principalmente no Mato Grosso, e a situação agravou-se a partir de junho deste ano. Segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa/UFRJ), 12,1% do bioma já foi destruído, totalizando cerca de 1,83 milhão de hectares.

Antônio Salgueiro, da Agif, e um perito do ICNF, Daniel Santana, estão no Brasil desde o dia 10 de agosto e permanecerão até o dia 21. Salgueiro destacou a importância da troca de experiências e do trabalho conjunto, enfatizando que, embora haja desafios culturais e logísticos em ambos os países, a colaboração pode ser crucial para enfrentar os incêndios de forma mais eficaz. “A perspectiva é de que precisamos falar de trabalho conjunto, sem complexos de culpa”, afirmou Salgueiro.

O Pantanal, que é duas vezes e meia maior que Portugal, representa um desafio significativo. Atualmente, o Brasil utiliza tecnologias como monitoramento por satélites e sistemas de câmeras com inteligência artificial, que ainda estão em desenvolvimento e enfrentam limitações. Em 2022, o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) iniciou o monitoramento em tempo real em torno da Serra do Amolar, em parceria com a startup Um Grau e Meio, e o sistema também está disponível para o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS). No entanto, a logística para enfrentar os incêndios continua sendo um problema, especialmente devido à falta de aeronaves para combate direto.

O coordenador do Prevfogo/Ibama em Mato Grosso do Sul, Márcio Yule, ressaltou que a cooperação entre instituições tem trazido avanços significativos no combate aos incêndios, evitando que a situação seja ainda mais grave. Yule também destacou a necessidade urgente de ações preventivas e mudanças na consciência sobre o uso do fogo.

Além do intercâmbio, a experiência portuguesa inclui a adoção de novas políticas de investigação sobre a origem dos incêndios e a punição mais rigorosa para incendiários, que podem enfrentar prisão em regime fechado em Portugal. Essas técnicas de investigação foram compartilhadas com fiscais do Ibama para aprimorar as apurações no Brasil.

Uma possível colaboração futura entre o Brasil e a Bolívia também está sendo considerada, com a criação de um acordo que permita a brigadistas de ambos os países combater incêndios em território estrangeiro. A iniciativa visa fortalecer a resposta ao fogo e promover uma abordagem mais integrada e eficaz na proteção dos ecossistemas florestais.

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