De puma a cervos: flagras curiosos de animais por videomonitoramento
Com 40% do território cercado por área verde e mata atlântica preservada e ladeada por morros, Jaraguá do Sul, no norte de Santa Catarina, tem uma riqueza de flora perceptível aos olhos e, de alguns anos para cá, de fauna também. Desde 2014, a Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (Fujama), por meio de um projeto de videomonitoramento, flagra e cadastra diferentes espécies nas matas da cidade. Foram vistos tamanduá-mirim, irara, jaguatirica, cervos, um casal de antas e até pumas.
A ideia de monitorar a fauna através de câmeras iniciou há pelo menos 10 anos, com a pesquisa e trabalho de conclusão de curso da faculdade do agora biólogo Christian Raboch Lempek. Ele tinha o desejo em realizar um levantamento de mamíferos que viviam na região do Parque Natural Municipal Morro dos Stinghen – importante unidade de conservação de Jaraguá.
A Fujama adquiriu, na época, as chamadas primeiras armadilhas fotográficas, que foram instaladas em pontos específicos do Morro dos Stinghen.
— O resultado surpreendeu muitos profissionais na Fujama, por conta da quantidade de animais que foram flagrados, que muitos nem sabiam que poderiam existir ali no morro — contou o biólogo Christian.
O projeto de videomonitoramento de fauna foi mantido e a fundação identificou que esta também seria uma excelente oportunidade para fortalecer o trabalho de educação ambiental no município, realizado já há mais de 20 anos pela Fujama.
— Temos ainda dois objetivos com este trabalho: identificar áreas prioritárias para conservação do município. Além de saber quais animais existem em nossa cidade, para termos uma estruturação adequada. Ao avistarmos um puma, por exemplo, vimos que, se precisássemos fazer um resgate, não iríamos conseguir apenas com uma luva de couro e um laço. Temos que estar preparados, com os equipamentos certos — explicou o biólogo Gilberto Ademar Duwe, que também atua na Fujama.
Nove câmeras espalhadas em áreas verdes
Atualmente, a Fujama conta com nove câmeras fotográficas específicas para este tipo de videomonitoramento em locais espalhados pela cidade, e não mais somente no Morro dos Stinghen. Os locais onde elas estão instaladas e o ponto específico de avistamento de determinados animais não são divulgados pela fundação para não chamar a atenção de caçadores. Duas câmeras, inclusive, já foram furtadas.
As câmeras chegam a ficar na mata por até seis meses, quando são retiradas para realizar a manutenção (a área de mata é muito úmida no município) e para verificar as imagens.
— É um trabalho científico realizado em Jaraguá. Não é simplesmente ir a campo e colocar a armadilha fotográfica sem nenhum critério. Temos vários critérios que são avaliados, como verificar se a área tem alguma provável trilha de animais, um ponto ideal para localizar os bichos e mesmo um ponto escondido de caçadores. Em seguida, planejamos o tempo de videomonitoramento e assistimos todas as imagens para catalogar as informações — observou Gilberto.
Lista dos animais identificados pelo videomonitoramento
Gato-do-mato-pequeno (Leopardus guttulus);
Gato-maracajá (Leopardus wiedii);
Jaguatirica (Leopardus pardalis);
Puma, ou também chamado de Onça-parda (Puma concolor);
Mão-pelada (Procyon cancrivorus);
Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla);
Tatu-galinha (Dasypus novemcinctus);
Tatu-de-rabo-mole (Cabassous tatouay);
Irara (Eira barbara);
Cutia (Dasyprocta azarae);
Anta (Talirus terrestris);
Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous);
Gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris);
Cervo (Mazama sp.);
Queixada (Tayassu pecari).
Fonte: NSC Total