Estudo aponta que 54% das áreas de conservação utilizadas pelas onças-pintadas sofreram com os incêndios no Pantanal
Um estudo do Instituto de Biociências da USP publicado na revista Communications Biology, um periódico do grupo Nature, revelou que 54% das áreas de conservação utilizadas pelas onças-pintadas sofreram com os incêndios no bioma.
De acordo com o principal autor do artigo Wildfires disproportionately affected jaguars in the Pantanal, Alan Eduardo de Barros, doutorando do Departamento de Ecologia do IB, 79% das áreas de uso das onças monitoradas no Pantanal foram atingidas pelo fogo. Os incêndios de 2020 afetaram 45% da população estimada de onças, sendo que 87% desses carnívoros afetados estariam em território brasileiro.
O local ficou muito mais seco que o normal e, por isso, não só vegetações de Cerrado, adaptadas a essa situação, foram queimadas, mas também as áreas de floresta densa. O fogo atingiu 31% de todo o Pantanal e estima-se que 17 milhões de vertebrados foram mortos em decorrência desse fenômeno apenas naquele ano, aponta o estudo.
Um dos principais indicadores da qualidade ambiental no Brasil é a presença das onças-pintadas, que estão no topo da cadeia alimentar em quase toda a América Latina. Sem elas, a quantidade de outros animais, como por exemplo, as capivaras pode aumentar descontroladamente. E isso aumenta o número de ataques a plantações de soja e de outros alimentos.
Além disso, segundo o site USP, a perda da cobertura vegetal da região força o deslocamento das onças para as áreas habitadas pelo gado e com presença humana. Como esse é o felino com as mais poderosas mandíbulas, a devastação da mata aumenta os riscos de conflito com a população da região.
Um estudo de 2018 calculou a população de onças-pintadas ao longo de sua área de distribuição. De acordo com esses dados, foram estimadas cerca de 1668 onças-pintadas no Pantanal. Barros, no entanto, acredita que esse número seja maior devido à metodologia empregada pelos pesquisadores e a existência de pesquisa recente apontando regiões com cerca de 13 indivíduos por 100 quilômetros quadrados (km²).
De qualquer forma, a dependência do habitat faz com que o desmatamento seja o maior problema para a sobrevivência desses animais.