Onça sobrevivente das queimadas no Pantanal volta à natureza — Foto: Governo de MS/Divulgação
Quase metade da população de onças-pintadas do Pantanal foi afetada diretamente pelos incêndios que devastaram a região em 2020, indica um estudo feito por cientistas brasileiros. O impacto pode ter sido ainda maior nas reservas ambientais pantaneiras onde o maior carnívoro do Brasil vive.
Conforme noticiado pela Folhapress, os cálculos são preocupantes por o Pantanal ser um dos últimos grandes refúgios da espécie no país, ao lado da Amazônia –em outros ecossistemas brasileiros, populações de onças-pintadas são raramente encontradas. Além de mortes dos grandes felinos causadas diretamente pelo fogo, a destruição de áreas que antes tinham condições ideais para a sobrevivência deles pode levar os animais à morte de forma indireta ou impedir que eles achem parceiros para se reproduzir.
De 48 onças monitoradas por GPS, 38 tiveram suas áreas de vida, que deveriam ser seus principais refúgios, diretamente afetadas pela queima da vegetação e do solo. E mais da metade das reservas sob proteção ambiental que fazem parte dessas áreas de vida também sofreu os efeitos dos incêndios.
Ainda não há indícios de que as onças monitoradas tenham morrido, embora esse tenha sido o destino de dois animais da espécie que foram resgatados com queimaduras em 2020. É muito provável que isso seja apenas a ponta do iceberg. Uma estimativa recente sugere que 17 milhões de vertebrados podem ter morrido no desastre daquele ano. “Acredito que o maior impacto do fogo na população de onças tenha sido a necessidade de procurar novas áreas com mais recursos”, explica o pesquisador da USP, Alan Eduardo de Barros.
Ela explica que nem sempre as onças são caçadores totalmente solitários. Quando há abundância de alimento –é esse o caso do Pantanal normalmente, quando ele não está ardendo em chamas– existe alguma sobreposição de territórios entre animais adultos. A região, inclusive, é onde se encontram os maiores indivíduos da espécie. No entanto, se incêndios como esses se repetirem com frequência, a situação pode ficar muito feia.
“A briga por áreas verdes, pela proximidade da água e por fêmeas, bem como o próprio gasto de energia dos animais, podem se intensificar muito rapidamente”, analisa ele. “Se o ambiente se recupera, a população tenderia a retornar ao ponto de equilíbrio, mas, do contrário, ele poderia se modificar, comportando um número menor de indivíduos.”
Evitar esse tipo de desequilíbrio deve ficar mais complicado nas próximas décadas, já que a crise climática provocada pela ação humana aumenta o número de eventos extremos do clima, inclusive grandes secas, que facilitam os incêndios. A escala e os locais dos fogos no Pantanal em 2020, entretanto, indicam que, em grande, eles foram provocados diretamente por seres humanos, como os proprietários rurais da região. (com informações da Folhapress)
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