Por conta do sol, capivaras ficam louras no Pantanal
A seca e o calor recordes de 2024 no Pantanal transformaram as famosas capivaras de pelagem castanha em uma curiosa versão dourada. Segundo o ecólogo Juliano Bogoni, da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat), o clareamento é resultado da exposição prolongada ao sol intenso, que degrada a melanina nos pelos desses animais.
“Os raios UV diminuem a proteção e a coloração à medida que a melanina é degradada. As capivaras são um exemplo dos extremos climáticos que enfrentamos”, explicou Bogoni em entrevista ao jornal O Globo.
Cuiabá registrou 160 dias sem chuva significativa em 2024, com temperaturas frequentemente acima de 40°C, chegando a impressionantes 44,1°C em outubro. O Pantanal, além de enfrentar a estiagem, sofreu com incêndios. Apenas em dezembro a chuva começou a trazer algum alívio. “Os animais têm menos chances de se proteger. Tudo acontece muito rápido e com intensidade”, acrescentou o ecólogo.
A mudança na coloração das capivaras, semelhante ao que ocorre com cabelos humanos sob intensa radiação ultravioleta, revela um impacto direto das alterações climáticas na fauna local. A degradação da melanina enfraquece a barreira protetora natural dos animais, aumentando sua vulnerabilidade. “É um sinal claro de que o clima extremo não afeta apenas os humanos”, alertou Bogoni.