
No Pantanal sul-mato-grossense, o cenário que deveria ser de renovação da vida transformou-se em mais uma tragédia ambiental. Uma jacaré fêmea, prestes a botar ovos e contribuir para a continuidade da espécie, foi encontrada retalhada no asfalto da BR-262 após ser atropelada. O incidente, registrado nas proximidades do trecho conhecido como Buraco das Piranhas, revela um problema recorrente na região.
A Polícia Militar Ambiental (PMA) confirmou a recolha de outros jacarés mortos na mesma área, destacando a gravidade da situação. Surpreendentemente, esse atropelamento ocorreu em pleno mês de chuvas, quando a seca, época mais propícia para esse tipo de incidente, ainda não se instalou no Pantanal, começando geralmente em maio.
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP), representado pelo médico veterinário Geovani Tonolli, alerta para o comportamento dos animais selvagens durante as travessias nas pistas. Ele destaca o trecho entre Corumbá e Miranda como um dos mais críticos, onde a jacaré grávida foi avistada. Tonolli ressalta que caminhoneiros, frequentes nessa rota, e motoristas de veículos de passeio devem redobrar a atenção, considerando as implicações não apenas para a fauna, mas também para a segurança humana.
A preocupação com o trecho vai além das vítimas imediatas, alerta o médico veterinário. A morte de um animal pode deixar filhotes órfãos, gerar desequilíbrios e prejudicar o ecossistema pantaneiro. Tonolli enfatiza a necessidade de entender as complexas conexões do Pantanal e promover a conservação do ambiente.
O texto destaca ainda a falta de ações efetivas do poder público para prevenir acidentes envolvendo animais e pessoas na BR-262. No ano passado, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit) iniciou um plano de ação que inclui a derrubada de árvores, cercamento e a implantação de túneis subterrâneos para a passagem segura da fauna.
O monitoramento do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (Icas) revela números alarmantes: 1.456 animais mortos por colisões veiculares no trecho da BR-262, entre Campo Grande e a ponte do Rio Paraguai, em Corumbá, em apenas sete meses. O desafio persiste, e medidas concretas são essenciais para preservar a vida selvagem e garantir a segurança nas estradas pantaneiras.
Fonte: Campo Grande News