O estado de Mato Grosso do Sul, conhecido por sua rica biodiversidade distribuída entre os biomas Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica, vive um alerta ambiental grave. De acordo com dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), mais de 60 espécies da fauna sul-mato-grossense correm risco de extinção. As informações integram o Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (SALVE), que segue critérios rigorosos da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
O método de avaliação da UICN, adotado por diversos países, considera fatores como declínio populacional, fragmentação do habitat, área de distribuição e ameaças diretas. Com base nesses critérios, as espécies são classificadas em categorias como Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN), Vulnerável (VU) e Regionalmente Extinta (RE).
Cerrado lidera em número de espécies ameaçadas
Entre os três biomas presentes no estado, o Cerrado concentra o maior número de espécies em risco. A expansão da agropecuária, o desmatamento e as queimadas continuam como principais vetores de degradação ambiental. Espécies como a piracanjuba (Brycon orbignyanus), peixe criticamente ameaçado, já perderam cerca de 90% de sua área original de ocorrência, principalmente devido à construção de barragens, à poluição e à supressão de matas ciliares.
Arara-azul-pequena desapareceu de MS
Um dos casos mais emblemáticos é o da arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus), considerada regionalmente extinta em Mato Grosso do Sul. O relatório do ICMBio afirma que é altamente improvável que ainda existam indivíduos da espécie em território brasileiro. Também não há indícios de que possa haver recolonização a partir de países vizinhos.
“Não há dúvidas razoáveis quanto à inexistência de indivíduos no Brasil”, aponta o documento.
Aves representam a maioria das espécies ameaçadas
As aves formam o grupo com maior número de espécies ameaçadas no estado. De acordo com a bióloga Maristela Benites, do Instituto Mamede de Pesquisa Ambiental e Ecoturismo, esse cenário se deve tanto à grande diversidade da classe quanto ao fato de ser um dos grupos mais estudados.
“O Brasil é o terceiro país com mais espécies de aves no mundo, mas lidera em número de espécies ameaçadas”, ressalta.
Entre os exemplos preocupantes estão o bicudo (Sporophila maximiliani), alvo constante do tráfico ilegal, e o tiê-bicudo (Conothraupis mesoleuca), que possui menos de 2.500 indivíduos adultos distribuídos em populações isoladas.
Espécies ameaçadas em destaque
- Girardia multidiverticulata (CR) – invertebrado aquático exclusivo da Serra da Bodoquena, ameaçado por mineração e agrotóxicos.
- Ortalis remota (CR) – ave rara, conhecida como aracuã, com menos de 250 indivíduos adultos.
- Jacutinga (Aburria jacutinga – EN) – desapareceu de várias áreas e hoje vive restrita a florestas montanhosas.
- Peixe-anual (Austrolebias ephemerus – EN) – endêmico do Pantanal, perdeu parte de suas áreas reprodutivas.
- Cachorro-do-mato-vinagre (Speothos venaticus – VU) – mamífero raro e sensível a doenças, atropelamentos e perda de habitat.
Com os dados mais recentes, especialistas alertam que ações de conservação precisam ser ampliadas com urgência para frear o avanço das extinções. A preservação dos biomas e a fiscalização ambiental seguem como estratégias fundamentais para reverter esse quadro.
Fonte: Informações de Campo Grande News
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