Rio Paraguai enfrenta seca histórica em Ladário, com níveis de água alarmantes
Situação atual coloca o Rio Paraguai 2,68 metros abaixo da profundidade mínima considerada segura
O rio Paraguai, que corta a cidade de Ladário, enfrenta a maior seca de sua história, com níveis de água que atingiram 66 centímetros negativos nesta segunda-feira, 14 de outubro. Este registro supera o recorde anterior de 61 centímetros negativos, alcançado em setembro de 1964. A situação atual coloca o Rio Paraguai 2,68 metros abaixo da profundidade mínima considerada segura para a navegação, conforme informado pelo Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, vinculado ao Comando do 6º Distrito Naval.
Historicamente, o Pantanal já enfrentou ciclos prolongados de seca, como o que ocorreu entre 1964 e 1973, mas a situação atual é sem precedentes. A medição de -66 cm, registrada nesta segunda, representa uma queda acentuada desde o último sábado, quando o nível estava em -62 cm. A estação da Marinha do Brasil em Corumbá, que monitora o rio desde 1900, serve como um importante termômetro para entender a gravidade da estiagem na região.
Desde fevereiro deste ano, especialistas do Serviço Geológico do Brasil (SGB) alertaram sobre a possibilidade de uma seca extrema, resultado das chuvas abaixo da média durante a estação chuvosa, que se estende de outubro de 2023 a setembro de 2024. O déficit acumulado de chuvas na região chega a 395 mm, com um total estimado de 702 mm em comparação à média esperada de 1.097 mm. Nos últimos cinco anos, a seca acumulada soma aproximadamente 1.020 mm, o que equivale a um ano inteiro de precipitações.
Embora a marca negativa na régua do rio não signifique a ausência total de água, os especialistas do SGB esclarecem que a profundidade do leito do rio pode ainda ser considerável. No caso de Ladário, mesmo com níveis negativos, o rio ainda apresenta cerca de cinco metros de profundidade.
A recuperação dos níveis do rio Paraguai deve ser lenta, segundo previsões do SGB. Apesar das chuvas já terem sido observadas na região, a expectativa é de que Ladário permaneça com níveis abaixo de zero até a segunda quinzena de novembro. Embora as precipitações tenham proporcionado alguma estabilização nos níveis do rio, elas não são suficientes para provocar uma rápida elevação nas águas.
“Estamos percebendo uma desaceleração na descida do rio desde o início das chuvas, mas a recuperação ainda levará tempo”, comenta Marcus Suassuna, pesquisador do SGB. A situação continua a ser monitorada de perto, com as autoridades e especialistas atentos aos desdobramentos climáticos que podem impactar a bacia do rio nos próximos meses.