Números de focos de incêndios têm chamado a atenção das autoridades no Brasil
Os recentes números de focos de incêndio no Brasil têm chamado a atenção das autoridades e da população em geral. Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam um aumento significativo nos registros, evidenciando preocupações ambientais e socioeconômicas.
De acordo com especialistas, as principais causas dos focos de incêndio são multifacetadas, sendo a maioria originada de práticas ilegais e condições climáticas adversas. Um dos fatores preponderantes é o uso indiscriminado do fogo em áreas de expansão agropecuária, especialmente em regiões onde não há autorização para queimadas controladas. Segundo o engenheiro florestal Vinicius Silgueiro, coordenador do Instituto Centro de Vida (ICV), mais de 90% dos incêndios ocorrem em propriedades rurais, onde o fogo é empregado para limpeza de áreas destinadas à agricultura ou pecuária, sem observância das normas ambientais vigentes.
A seca prolongada e as altas temperaturas, associadas ao fenômeno climático El Niño, têm exacerbado ainda mais a situação. A escassez de chuvas compromete o equilíbrio hídrico, tornando o ambiente mais propenso à propagação do fogo. Esse cenário é corroborado pelo meteorologista Guilherme Borges, do Climatempo, que alerta para uma possível influência do La Niña, previsto para ocorrer a partir de julho, prolongando o período de estiagem e aumentando o risco de incêndios florestais.
Os estados mais afetados por esses desastres ambientais são Mato Grosso, Roraima e Bahia, que lideram o ranking de focos de incêndio, segundo o Inpe. No mês de abril, municípios como Caracaraí e Rorainópolis, em Roraima, e Brasnorte e Cáceres, em Mato Grosso, foram os mais atingidos, com números alarmantes de ocorrências.
Diante desse panorama preocupante, a fiscalização e o controle das queimadas ilegais emergem como medidas essenciais para conter a propagação do fogo. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) destaca a importância da autorização para queimadas controladas, visando à prevenção de incêndios de grandes proporções. No entanto, a falta de fiscalização efetiva tem sido um desafio, resultando em punições tardias e multas expressivas, como relatado pelo Corpo de Bombeiros, que já aplicou mais de R$ 1,5 milhão em penalidades este ano.
É imperativo que medidas de conscientização, prevenção e combate aos incêndios sejam intensificadas, envolvendo tanto as instituições governamentais quanto a sociedade civil. Somente com um esforço conjunto e a implementação de políticas públicas eficazes será possível reverter esse quadro preocupante e preservar o nosso patrimônio ambiental para as futuras gerações.