Para manter produção em Mato Grosso, produtores aprendem a ‘plantar água’
Em uma região onde quase não tem água em assentamento no alto Pantanal mato-grossense só teve o problema foi resolvido após os produtores aceitarem a proposta de construir barragens para alimentar um dos poucos lençóis freáticos da região.
O assentamento está localizado dentro do município de Cáceres, em Mato Grosso. Em que pese o fato de a região estar dentro do Pantanal, a falta de água é um problema crítico. “Eu vim para cá porque não tinha outra alternativa. A gente tinha o sonho da terra e a terra era difícil de ter”, comenta João ao Canal Rural.
Região de formação calcária dificulta captação de investimento água
O engenheiro agrônomo da Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Jacson Ferreira da Silva, explica que a região está sob a formação calcária e nela há muitas cavernas subterrâneas.
“Muitas galerias abertas por essa formação calcária, que faz com que essa água escorra nas galerias e quando você tenta perfurar um poço a broca quando chega nesse vácuo se perde”, explica Jacson.
Um milagre onde menos se esperava
O assentamento só se tornou viável por causa do lote. Ele é o único lugar, numa área de aproximadamente sete mil hectares, onde foi possível encontrar água potável.
Um poço caipira, como é chamado, perfurado manualmente e com uma profundidade de 13 metros fica na propriedade do pecuarista João Rezende Silva.
“É um milagre. E, desse milagre eu comecei a ceder água para oito famílias, depois para 50 e hoje são cerca de 160 famílias, fora a fazenda”, conta João.
Apesar da alegria, veio a preocupação se as cacimbas (escavação rasa) dariam conta do abastecimento.
A solução segundo o Canal Rural, veio após muita pesquisa do engenheiro agrônomo do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Samir Curi, através de um projeto com nome bem sugestivo: Plantando Água.
“A gente teria que captar água em toda microbacia e essa água captada é através de bacias de contenção de enxurradas, as chamadas barraginhas”, diz Samir.
Nos arredores de onde é captada a água foram construídas 68 barraginhas com apoio e parceria de várias instituições públicas. Na propriedade do pecuarista Gilmar Ayala são duas. Além de ajudar na reposição da água do lençol freático, também serve para o gado.
“Conseguimos água para o gado, para o uso de casa. Então, Graças à Deus fomos conquistando as coisas no dia a dia”.