2
Fale Conosco
  • segunda-feira, 13 de janeiro de 2025 - Campo Grande MS

Sucuri-grávida morre após ser atropelada na MT-338

Na manhã desta segunda-feira (6), uma sucuri-verde (Eunectes murinus), que estava grávida de aproximadamente 40 filhotes, foi atropelada na MT-338, em Porto dos Gaúchos, a 644 km de Cuiabá. O animal, que mediria cerca de 5 metros de comprimento, morreu após ser atingido pelo veículo, e seus filhotes, que ainda estavam em sua barriga, foram expelidos para fora do corpo, também não sobrevivendo ao impacto.

O pescador e youtuber Ederson Negri Antonioli, que fez o registro do triste acontecimento, contou ao g1 que, ao encontrar o animal, ainda havia partes da cobra que se mexiam. Em imagens gravadas por ele, é possível ver a sucuri morta no meio da estrada, rodeada por dezenas de filhotes, que também foram vítimas do atropelamento (assista acima).

O biólogo Henrique Abrahão Charles explicou que acidentes como este são comuns em Mato Grosso, uma vez que a sucuri, assim como outras serpentes, depende de fontes externas de calor para regular sua temperatura corporal. Muitas vezes, esses animais se aproximam das margens das estradas em busca de calor, o que aumenta o risco de atropelamentos.

“Elas costumam procurar áreas aquecidas, como a beira de estradas, para aumentar o metabolismo, principalmente após se alimentarem, e aí o carro acaba passando em cima”, detalhou Henrique.

A sucuri-verde, como outras cobras dessa espécie, tem um sistema reprodutivo vivíparo, ou seja, ela desenvolve os filhotes dentro do corpo, ao contrário de outras serpentes que botam ovos. No caso dessa cobra, ela estava prestes a parir, o que torna a tragédia ainda mais impactante. O biólogo acrescentou que, embora a quantidade de filhotes tenha sido significativa, apenas cerca de 5% deles sobrevivem até a idade adulta, pois muitos são predados por outros animais ou já nascem mortos.

“Se eles tivessem um pouco mais de tempo, eles poderiam ter sobrevivido. Mesmo ela tendo morrido, eles poderiam ter saído vivos. Com muita sorte, um ou outro poderia sobreviver, mas seria uma chance muito pequena”, comentou Henrique.

O atropelamento de animais silvestres em rodovias de Mato Grosso tem se tornado uma preocupação crescente. O biólogo destacou que a falta de infraestrutura adequada nas estradas para proteger a fauna local contribui para um desequilíbrio ambiental alarmante. Todos os anos, milhões de animais, como cobras, lagartos, pássaros e até grandes mamíferos, são mortos nas rodovias que cruzam áreas naturais.

“Essas rodovias de Mato Grosso não estão preparadas para conter a movimentação dos animais, o que resulta em tragédias diárias, incluindo a morte de espécies ameaçadas de extinção, como a onça-pintada”, alertou Henrique.

Além de buscarem calor nas margens das estradas, muitas vezes as cobras e outros animais precisam atravessar as rodovias para acessar seus habitats ou fontes de alimento, o que eleva ainda mais o risco de acidentes. A ausência de um único predador, como a sucuri, pode ter impactos ecológicos significativos. Henrique enfatizou que, no caso das cobras, a perda de uma adulta ao longo de 20 anos pode resultar na proliferação descontrolada de roedores, desequilibrando toda a cadeia ecológica local.

O atropelamento de animais silvestres, como a sucuri-grávida, reforça a urgência de medidas para preservar a fauna local e evitar mais tragédias nas rodovias do estado.


Deixe um Comentário



Sobre Nós

The argument in favor of using filler text goes something like this: If you use arey real content in the Consulting Process anytime you reachtent.

Instagram