O período de defeso da piracema em Mato Grosso continuará o mesmo em 2025: de 1º de outubro a 31 de janeiro. A decisão foi aprovada por unanimidade na reunião do Conselho Estadual de Pesca (Cepesca), realizada nesta quinta-feira (10), e será oficializada no Diário Oficial da próxima semana.
Durante o defeso da piracema, a pesca desembarcada e de subsistência segue autorizada, respeitando as normas e garantindo a alimentação de comunidades ribeirinhas e tradicionais, sem fins comerciais.
Estudos científicos sustentam a decisão
O pesquisador Claumir Muniz, da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), apresentou dados que reforçaram a manutenção das datas. Segundo os estudos, os peixes demonstram maior atividade reprodutiva entre outubro e dezembro, com probabilidade de reprodução chegando a 80% nesse período.
“Janeiro e fevereiro ainda registram atividade, mas em menor intensidade. Em setembro, a reprodução cai ainda mais, tanto para peixes de couro quanto de escamas.”
A equipe da Unemat também ampliou a coleta de dados nas bacias do Pantanal e Amazônica, organizou bancos de dados com ovos e larvas em rios como Sepotuba, Jauru, Cabaçal e Paraguai, e iniciou o mapeamento de sítios de desova, para garantir a proteção efetiva dessas áreas sensíveis.
Apoio institucional fortalece a política de conservação
O presidente do Cepesca e secretário executivo da Sema, Alex Marega, valorizou a contribuição das universidades e da ciência na definição das diretrizes.
“Quero parabenizar e agradecer as universidades por este trabalho muito importante no Estado de Mato Grosso, de pioneirismo pelo tamanho da abrangência dos estudos e de dados acumulados uma confiança para que os membros possam tomar as suas decisões”, declarou.
Proteção integral vale o ano todo
A Sema lembra que a pesca continua proibida durante todo o ano nas unidades de conservação de proteção integral. Além disso, o estado possui 68 áreas protegidas, sob jurisdição federal, estadual ou municipal.
Quem pretende pescar nos rios Paraguai, Juruena ou das Mortes deve consultar os mapas das unidades. Por exemplo, é proibido pescar:
- No Parque Nacional do Pantanal Mato-grossense e no Parque Estadual do Guirá, ambos cortados pelo rio Paraguai;
- No trecho do rio Juruena que atravessa o Parque Nacional do Juruena e o Parque Estadual Igarapés do Juruena;
- No rio das Mortes, ao longo do Refúgio da Vida Silvestre Quelônios do Araguaia.
Essas áreas priorizam o uso indireto dos recursos naturais, como turismo ecológico, educação ambiental e pesquisas científicas.
Cepesca: papel técnico e representativo
O Cepesca é um órgão deliberativo e consultivo composto por representantes do governo estadual, universidades, colônias de pescadores, Ministério Público, Ibama, organizações ambientalistas e setor do turismo da pesca. Assim juntos, os membros definem políticas públicas para promover a pesca responsável e sustentável em Mato Grosso.
Saiba mais: SECOM-MT - Foto: arquivo/Pantanal Oficial
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