Bruno Rezende
Em um cenário de crescente preocupação com as mudanças climáticas, o impacto dos incêndios florestais no Pantanal em 2024 destaca a gravidade da situação. Embora o mundo esteja se comprometendo com a redução da emissão de carbono, os incêndios florestais representam um fator desestabilizador para o clima global, contribuindo diretamente para o aquecimento global e agravando as mudanças climáticas.
A pesquisadora Liana Anderson, especialista em ecologia, alerta para as consequências devastadoras do fogo nas florestas. Segundo ela, as árvores desempenham um papel crucial na neutralização do carbono na atmosfera, mas quando queimam e morrem, há um desequilíbrio significativo. “Você vai ter maior contribuição de gás de efeito estufa para a atmosfera, que vai contribuir com secas mais severas, com eventos climáticos extremos. É um efeito em cadeia”, explica Anderson.
Além disso, a pesquisadora destaca que o fogo no Pantanal gera a perda irreparável da floresta primária, e a reposição das áreas queimadas não pode compensar a contribuição que a floresta original oferecia. “A gente continua sofrendo perda”, ressalta.
Outro ponto crítico abordado por Liana Anderson é o impacto dos incêndios na fauna local. A morte de animais selvagens, além de afetar o equilíbrio ecológico do bioma, pode ter consequências ainda mais amplas. Os animais silvestres atuam como vetores de vários vírus e doenças. “Quando o hospedeiro não está mais presente, a chance desses vírus encontrarem o ser humano como novo vetor de doenças é muito grande. É todo um efeito de desequilíbrio”, alerta.
2024 será lembrado como o ano em que as mudanças climáticas se tornaram mais evidentes. A pesquisadora afirma que os extremos climáticos, como a seca extrema no Pantanal e os alagamentos no Rio Grande do Sul, são sinais claros de que o clima está em transformação. “São esses extremos, é uma bomba climática e, para mim, o maior desafio é como vamos conciliar o entendimento do que aconteceu com o que precisamos fazer. Estamos muito atrás e não nos preparando de maneira adequada para lidar com o que está por vir”, afirma Liana.
Fonte: Mídiamax
