Envolto em folclore, o curiango também é considerado um amuleto
O curiango-comum (Nyctidromus albicollis) é uma ave noturna que habita as matas brasileiras, adaptando-se às bordas de florestas, cerrados e capoeiras. Com diversos nomes regionais, como ju-jau, ibijau e engole-vento, essa ave se destaca como um exímio caçador de insetos, utilizando sua técnica de voo com bico aberto para capturar suas presas até o amanhecer. Contudo, o que tem chamado atenção é a aparição desses animais em áreas urbanas, onde têm sido avistados em garagens e quintais, frequentemente desorientados durante o dia.
Durante o dia, o curiango é um mestre da camuflagem, tornando-se praticamente invisível entre a vegetação rasteira. Quando se sente ameaçado, realiza voos curtos antes de se esconder novamente. Seus ninhos, construídos diretamente no solo, favorecem essa camuflagem, com a fêmea depositando ovos amarelo-avermelhados manchados de marrom, que se misturam ao ambiente seco. Os filhotes, igualmente camuflados, permanecem imóveis após a saída dos pais, seguindo instintivamente o exemplo familiar.
Envolto em folclore, o curiango também é considerado um amuleto, segundo Luís da Câmara Cascudo. Em sua obra, o historiador menciona que as penas do curiango são usadas para aliviar dores de dente e garantir que cavalos não caiam. Essa fama se deve, em parte, à sua habilidade de voar à noite, o que lhe conferiu o nome popular de “mede-léguas”.
A distribuição da espécie se estende do Sul do México ao Nordeste da Argentina, e, segundo a Lista Vermelha da IUCN, o curiango-comum não está ameaçado de extinção, sendo classificado como Pouco Preocupante. Com isso, parece que essa ave noturna continuará a ser um elemento comum nas paisagens brasileiras, tanto nas matas quanto nas cidades.
