Crise hídrica no Pantanal: chuvas abaixo do esperado aumentam risco de incêndios
Pantanal enfrenta desafios para sua sobrevivência, ampliados pela Fase Neutra do Pacífico, que pode agravar ainda mais a situação para 2025
A crise hídrica que afeta o Pantanal nos últimos meses desperta grandes preocupações sobre o futuro da região. A previsão para 2024, com chuvas significativamente abaixo do esperado, pode intensificar problemas já enfrentados pelo bioma, como o aumento do risco de incêndios para o ano seguinte. Embora as projeções climáticas e hidrológicas para o Pantanal ainda envolvam incertezas, a situação exige atenção redobrada, como aponta o Ecoa (Instituto de Pesquisa e Monitoramento do Pantanal).
As chuvas que são essenciais para manter o equilíbrio hídrico da região não têm se concretizado em níveis satisfatórios, o que já é visível em várias partes do Pantanal. A região depende de um delicado equilíbrio entre o volume das águas dos rios e as chuvas sazonais para a manutenção de sua biodiversidade e a subsistência das comunidades locais. Em 2024, os modelos climáticos preveem uma redução das precipitações na Bacia do Alto Paraguai, com chuvas que podem representar entre 25% e 50% do esperado para o período de junho a setembro. Esse quadro gera um alerta para os moradores e autoridades da região, pois o risco de secas prolongadas e de incêndios florestais aumenta consideravelmente.
Em termos hidrológicos, o rio Paraguai, um dos principais cursos d’água do Pantanal, tem mostrado sinais de recuperação. Desde setembro, os níveis das águas aumentaram em pontos estratégicos como Cáceres (MT) e Porto Murtinho (MS). No entanto, a elevação não é suficiente para restabelecer o equilíbrio perdido em anos anteriores e ainda não garante uma solução definitiva para os problemas enfrentados pela região. Em Porto Amolar, por exemplo, a régua de medição registrou um aumento de 50 centímetros desde o ponto mais baixo em outubro, mas o cenário ainda é preocupante para o futuro próximo.
Outro fator que agrava a situação é o fenômeno climático conhecido como Fase Neutra do Pacífico. Historicamente, essa condição está associada a períodos de seca severa no Pantanal, como ocorreu entre 2019 e 2020. A presença desse fenômeno em 2024 aumenta as expectativas de que a seca prolongada se intensifique nos próximos meses, afetando não apenas a fauna e flora locais, mas também as atividades econômicas e a qualidade de vida das comunidades que dependem diretamente das águas da região.
Com o cenário de seca e a previsão de chuvas escassas, o Ecoa reforça a necessidade de monitoramento constante e de alertas antecipados para que a população e os governos possam se preparar para as possíveis adversidades que se desenham. A preservação do Pantanal, um dos maiores biomas alagados do mundo, é fundamental não apenas para a biodiversidade global, mas também para as comunidades que nele habitam.