Apesar de pertencerem à mesma espécie, a onça-pintada que vive na Amazônia e no Pantanal têm diferenças marcantes no corpo, no comportamento e na forma de viver. Cada bioma oferece desafios e recursos distintos, e isso influencia diretamente as adaptações desses grandes felinos.
Corpo moldado pelo habitat?
As onças do Pantanal são visivelmente maiores, mais musculosas e robustas. Isso acontece porque vivem em áreas abertas e alagadas, onde precisam de força para capturar presas grandes, como capivaras e jacarés. Já as onças da Amazônia, que habitam florestas densas, são mais esguias e “leves” — ideais para se movimentar com agilidade entre galhos, raízes e trilhas estreitas da mata fechada.
Estilo de vida diferente
No Pantanal, as onças aproveitam o terreno mais limpo para caçar à vista e emboscar. Como o ambiente é mais exposto, elas se tornaram exímias nadadoras e caçadoras silenciosas. Já na Amazônia, com vegetação mais densa, essas felinas precisam ser discretas e rápidas. Algumas passam meses em áreas alagadas ou até mesmo vivendo mais próximas das árvores, um comportamento raramente observado em outros biomas.
Genética e comportamento
A diversidade genética também varia. No Pantanal, há uma forte população local, mas com grande variedade de indivíduos e menor grau de parentesco. Na Amazônia, as populações são mais isoladas, o que acaba influenciando o comportamento e até a distribuição territorial das onças. Isso também afeta a reprodução e os grupos familiares.
Cores e padrões
Por fim, a onça-pintada amazônica costuma ter pelagem mais escura, adaptada à sombra da floresta. O fenômeno do melanismo, quando a onça nasce totalmente preta, é mais comum nesse ambiente fechado ( e Cerrado). Já no Pantanal, predominam onças com pelagem mais clara, sendo assim, com raros casos de melanismo.
*Números aproximados*
Característica | Pantanal | Amazônia |
---|---|---|
Peso médio (machos) | Até >150 kg | 50–80 kg |
Porte | Robusto | Ágil e esguio |
Dieta | Presas grandes (jacarés, capivaras) | Presas menores (macacos, aves) |
Densidade populacional | 6–7 indivíduos / 100 km² | 1–2 / 100 km² (até 10 em áreas protegidas) |
Melanismo | Raro | Mais frequente |
Fotos: Luciano Candisani / Emiliano Ramalho e Instituto Mamirauá)