O resgate e a reintrodução de Xamã foram coordenados pela ONG Onçafari
Em uma ação que simboliza a vitória da conservação ambiental, a onça-pintada Xamã foi reintroduzida à vida selvagem na região amazônica da Serra do Cachimbo, no sul do Pará, após um processo de reabilitação de dois anos. Resgatada ainda filhote, com apenas 8 meses, em uma área devastada por desmatamento e incêndios em Sinop, a 503 km de Cuiabá, Xamã agora segue sua jornada na natureza, um marco importante para a preservação da espécie.
A soltura da onça ocorreu em outubro deste ano, mas a divulgação dos detalhes foi feita na última sexta-feira (29), em celebração ao Dia Internacional da Onça-pintada. O resgate e a reintrodução de Xamã foram coordenados pela ONG Onçafari, em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que cuidou do animal durante seu período de recuperação no Setor de Animais Silvestres.
Xamã foi mantida em um recinto adaptado, próximo ao local de sua soltura, onde pôde se desenvolver e aprender a sobreviver em um ambiente simulado com 15 mil metros quadrados. Esse espaço foi preparado para imitar as condições naturais da floresta, oferecendo à onça o espaço necessário para se adaptar à vida selvagem antes de ser solta definitivamente.
De acordo com Júlia Trevisan, bióloga e coordenadora de vida silvestre da Proteção Animal Mundial, Xamã foi reintegrada à natureza por meio do método de “soft release”, que permite que o animal deixe a grade de segurança quando se sentir confortável. A onça levou 12 horas para sair do recinto e iniciar sua vida livre. Mesmo após a soltura, o animal continuará a ser monitorado pela ONG, que acompanha seu desenvolvimento com o uso de um colar de monitoramento.
Esse processo de reintrodução faz parte da refaunação, uma estratégia de conservação que busca restaurar os ecossistemas e contribuir para a recuperação da biodiversidade. Para Júlia Trevisan, a soltura de Xamã representa uma grande conquista para o meio ambiente, especialmente em um momento em que a fauna do Brasil enfrenta ameaças crescentes devido à degradação dos habitats naturais.
A ação reforça a importância da colaboração entre ONGs, universidades e outros órgãos de proteção animal para garantir que espécies ameaçadas, como a onça-pintada, possam retornar a seus habitats naturais e contribuir para o equilíbrio ecológico.