O Pantanal, um dos maiores e mais ricos biomas do Brasil, tem enfrentado um aumento alarmante na frequência e intensidade dos incêndios florestais. De acordo com o MapBiomas, cerca de 72% da área afetada pelo fogo no Pantanal foi queimada duas ou mais vezes desde 1985. O Relatório Anual do Fogo (RAF) revela que essas cicatrizes de fogo têm contribuído para a degradação do ecossistema e aumento dos impactos ambientais. As causas incluem o intervalo curto entre os incêndios, secas prolongadas, e a falta de um manejo eficaz do fogo, entre outros fatores.
O Pantanal concentra quase 20% das maiores áreas queimadas no país
Os focos atingem mais de 100 mil hectares em algumas regiões, resultando em uma destruição massiva de habitat e fauna. 93% dos incêndios registrados atingiram vegetação nativa, o que agrava ainda mais o processo de empobrecimento do solo e da biodiversidade local. Este cenário crítico é agravado pela diminuição da água disponível no bioma, que antes ajudava a controlar a propagação do fogo, e pela ação humana, responsável por mais de 95% dos incêndios.
Em 2020, o Pantanal vivenciou o maior incêndio da sua história, com 15.756 focos de calor registrados entre julho e setembro. Desde então, a situação não melhorou. Em 2024, a área queimada no Pantanal aumentou 157% em relação à média histórica dos últimos 40 anos, evidenciando a gravidade do problema.
A falta de um manejo integrado eficaz do fogo e a pressão climática externa contribuem para o agravamento da situação.
O especialista Gustavo Figueirôa, do Instituto S.O.S Pantanal, destaca que as queimadas recorrentes têm levado à perda de habitat, extinção local de espécies e empobrecimento da biodiversidade. Com a alta intensidade e frequência das queimadas, a regeneração da vegetação nativa torna-se cada vez mais difícil, o que tem sérias consequências para o equilíbrio ecológico do Pantanal.
Além disso, o Brasil tem enfrentado um aumento significativo nas queimadas em todo o território nacional, com cerca de 30 milhões de hectares queimados em 2024, representando um aumento de 62% em relação à média histórica anual. A necessidade urgente de ações públicas integradas para combater e prevenir os incêndios nunca foi tão grande. Especialmente durante os meses mais críticos, entre agosto e outubro.
A proteção do Pantanal exige uma ação conjunta entre as autoridades públicas, organizações de conservação, e a sociedade para implementar políticas eficazes de prevenção e recuperação ambiental. Caso contrário, o bioma corre o risco de perder ainda mais sua rica biodiversidade e suas características naturais.
Fonte: G1