Baixo nível das águas do rio Paraguai gera preocupações no Pantanal
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
A situação preocupante do baixo nível das águas do rio Paraguai está gerando um alerta entre os habitantes do Pantanal e os pescadores que dependem da região para subsistência. Em Corumbá (MS), a evidente faixa de terra exposta na “prainha” é um indicativo claro da escassez de chuvas na área.
Para os moradores locais, como o pescador amador Edimir Queiroz, essa época deveria marcar o início da temporada de cheias. “A gente que mora aqui em Corumbá sabe mais ou menos o ciclo dele”, comenta Queiroz, destacando a preocupação com a mudança nos padrões climáticos.
Comparando com registros anteriores, a situação é alarmante. Enquanto em 2023 o pico da cheia atingiu 4 metros e 24 centímetros, este ano, no mesmo período, já se observa uma redução de cerca de um metro.
Segundo o G1MS, para o pescador profissional Alfredo dos Reis, a situação atual traz à memória a histórica seca das décadas de 60 e 70, a mais severa já registrada no bioma. Com o nível do rio atualmente abaixo de 80 centímetros, ele destaca os impactos diretos na vida daqueles que dependem da pesca para sobreviver. “Fica muito difícil para quem sobrevive mesmo da pesca, é muito difícil mesmo”, lamenta Alfredo.
Os prognósticos não são animadores. O pesquisador do Serviço Geológico do Brasil, Marcus Suassuna, prevê que a situação de seca deve persistir ao longo do ano, tornando 2024 um período desafiador para o Pantanal. “É prudente que a gente possa trabalhar com um quadro de que 2024 será um ano bem desafiador, em termos de secas”, adverte Suassuna.
A causa principal desse cenário é a falta de chuvas nas áreas de planalto, em Mato Grosso, que lentamente fazem o rio Paraguai subir. Segundo a meteorologista do Climatempo, Josélia Pegorim, os temporais de verão devem continuar atingindo as regiões próximas à nascente do rio Paraguai, mas ainda é incerto se serão suficientes para reverter a situação.
Diante desse contexto, a comunidade local e as autoridades devem estar preparadas para lidar com os desafios decorrentes da escassez de água e suas consequências para o ecossistema e as atividades econômicas da região pantaneira.
