Sistema detecta linha de fogo na Bolívia próxima à fronteira com o Pantanal brasileiro

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Na noite de 29 de julho de 2025, o sistema Pantera, operado a partir da sede do Instituto Homem Pantaneiro (IHP) em Corumbá (Mato Grosso do Sul), detectou uma linha de fogo de aproximadamente 5 km na região da Serra do Amolar, em território boliviano. A ocorrência, localizada a cerca de 15 km da fronteira com o Brasil, acendeu o alerta para ações preventivas em meio ao período de estiagem que atinge o Pantanal.

O incêndio foi identificado por uma das antenas do sistema, localizada próxima à Lagoa Mandioré — corpo hídrico que ocupa mais de 121 km² entre os dois países. A velocidade dos ventos, que chegou a 25 km/h na direção leste-oeste, ajudou a conter o avanço das chamas em direção ao território brasileiro. Até a tarde de 30 de julho, a linha de fogo ainda não havia sido detectada por satélites, mas já apresentava redução, possivelmente por ter alcançado áreas alagadas.

Assim que identificado o foco, o IHP notificou as instituições bolivianas parceiras NATIVA (Naturaleza, Tierra y Vida) e CERAI (Fundación Centro de Estudios Rurales y de Agricultura Internacional), além do Prevfogo/Ibama no Brasil, para reforçar medidas de prevenção. De acordo com o diretor-presidente do IHP, Ângelo Rabelo, a cooperação transfronteiriça é essencial. “O fogo não reconhece fronteiras e exige um esforço conjunto para minimizar riscos à biodiversidade e às comunidades da região”, afirmou.

O IHP mantém parcerias ativas com organizações bolivianas, como a CERAI, para monitoramento e combate de incêndios florestais, especialmente na Área Natural de Manejo Integrado San Matías, que faz fronteira com o Brasil. Em 2024, um termo de cooperação foi firmado para fortalecer ações preventivas e estudos científicos conjuntos. Este ano, a brigada Alto Pantanal participou de treinamentos em Santiago de Chiquitos e houve reuniões com a NATIVA para ampliar as ações integradas no Chaco e Pantanal.

Segundo dados do LASA/UFRJ, de janeiro a julho de 2025 foram registrados 14,7 mil hectares queimados no Pantanal. O que representa apenas 0,10% do bioma, número bem inferior ao registrado em 2024, ano marcado pela pior estiagem em mais de 120 anos e grandes incêndios tanto no Brasil quanto na Bolívia. No Departamento de Santa Cruz, na Bolívia, mais de 6,9 milhões de hectares foram atingidos pelas chamas no ano passado, considerado o maior desastre ambiental da história do país.

O Sistema Pantera, desenvolvido pela startup Um Grau e Meio em parceria com o IHP e com apoio do projeto Abrace o Pantanal (JBS), utiliza inteligência artificial para detectar sinais de fumaça com tempo de resposta entre 3 a 5 minutos. A central de monitoramento funciona 24 horas por dia na sede do IHP, em Corumbá, e compartilha os dados com o Corpo de Bombeiros de MS, Ministério Público Estadual, Prevfogo/Ibama e instituições bolivianas parceiras.

O Instituto Homem Pantaneiro é uma organização da sociedade civil fundada em 2002, dedicada à conservação do Pantanal e à valorização da cultura pantaneira. Suas ações envolvem proteção da biodiversidade, mitigação das mudanças climáticas e trabalho com comunidades tradicionais. O IHP integra redes e grupos de trabalho como o Observatório Pantanal, GT de Coexistência Humano-Onça, e os planos de ação para a ariranha e a onça-pintada.

PORTAL PANTANAL OFICIAL

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