Em uma tarde sufocante, com temperaturas acima dos 40 °C, o fotógrafo Benedito Almeida esperou horas até flagrar uma cena rara no coração do Pantanal: um bugio-preto (Alouatta caraya) descendo lentamente das árvores e se curvando sobre uma lagoa para beber água.
A imagem, feita sob o sol intenso e em meio à estiagem, revela mais do que um simples registro de comportamento animal, mostra o desafio de sobrevivência imposto pelo calor extremo e pela seca que avança sobre o bioma.
Segundo biólogos, o bugio-preto é uma espécie típica do Pantanal e reconhecida por seu rugido grave, que ecoa pelas matas. Além de seu som característico, o primata tem papel essencial na dispersão de sementes e na manutenção do equilíbrio ecológico da floresta.
O fotógrafo relatou que decidiu se posicionar próximo a uma lagoa, distante do rio, acreditando que o ponto poderia atrair diferentes espécies em busca de água. “O Pantanal segue quente e a seca já chegou, tornando a água um tesouro disputado. Para os bugios, cada descida é um desafio: matar a sede em meio à incerteza de quem pode estar à espreita”, contou Benedito e sua postagem.
Depois de horas de silêncio e paciência, o primeiro a descer foi o macho, que liderava o bando. Com gestos cautelosos, ele se aproximou da lagoa, garantindo que o local era seguro. Logo em seguida, o restante da família se juntou a ele, resultando em um raro espetáculo da vida selvagem pantaneira, um momento em que resistência, instinto e vulnerabilidade se encontram à beira d’água.
Foto:Benedito Almeida