No Pantanal, tamanduás-mirins aproveitam as tocas escavadas por tatus-canastra para descanso, proteção contra o calor e acesso a alimento. Um estudo conduzido pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (Icas) e pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) revelou esse comportamento após uma década de monitoramento com armadilhas fotográficas.
Monitoramento de tocas
Pesquisadores analisaram 379 tocas de tatus-canastra no sul do Pantanal, entre Corumbá e Aquidauana, entre 2011 e 2020. Registros fotográficos mostraram que os tamanduás-mirins utilizaram 127 dessas tocas, representando quase um terço do total. Em média, cada toca foi usada em pelo menos três ocasiões distintas.
Funções das tocas para os tamanduás
As tocas fornecem abrigo térmico, o que é essencial para o tamanduá-mirim, um animal de metabolismo lento e sensível às mudanças de temperatura. Além disso, esses refúgios podem oferecer acesso facilitado a alimento. Algumas tocas possuem cinco metros de comprimento e chegam a 1,5 metros de profundidade, garantindo, assim, estabilidade climática no bioma pantaneiro. Por essa razão, em certos casos, os tamanduás-mirins permaneceram nas tocas por mais de 22 horas.
Ao mesmo tempo, pesquisadores registraram tamanduás-mirins explorando a entrada das tocas, possivelmente em busca de alimento. Isso acontece porque a escavação dos tatus expõe insetos do solo, tornando-se, dessa forma, uma fonte fácil de alimento para os tamanduás, que se alimentam principalmente de formigas e cupins. Dessa maneira, o comportamento reforça a importância das tocas como recursos essenciais para diversas espécies no Pantanal.
Importância do tatu-canastra para o ecossistema
O tatu-canastra é considerado um engenheiro do ecossistema. Suas tocas beneficiam diversas espécies, incluindo vertebrados e invertebrados. Segundo Arnaud Desbiez, presidente do Icas e coautor do estudo, já foram documentadas mais de 100 espécies de vertebrados e 300 de invertebrados utilizando essas estruturas subterrâneas.
“A conservação do tatu-canastra é essencial para manter o equilíbrio ecológico do Pantanal. Suas tocas criam abrigos que beneficiam uma ampla gama de animais”, destaca Desbiez.
Espécie ameaçada
Apesar de sua importância ecológica, o tatu-canastra está classificado como “vulnerável” à extinção devido à perda de habitat e à caça. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a população da espécie reduziu em pelo menos 30% nas últimas três gerações, reforçando a necessidade de medidas de conservação.
Fonte: FaunaNews
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