A cena registrada em Porto Jofre, no norte do Pantanal, por Duda Fernandes Falcão, mostra um dos comportamentos mais impressionantes do reino animal: uma onça-pintada (Panthera onca) perfurando as placas ósseas, conhecidas como osteodermos, do dorso de um jacaré ainda vivo, porém “paralisado”.
Embora os jacarés do Pantanal não sejam os maiores representantes da família dos crocodilianos, suas escamas são reforçadas com camadas de osso. Mesmo assim, a onça-pintada consegue atravessá-las com relativa facilidade. Isso acontece graças à mordida mais poderosa entre os felinos das Américas, capaz de exercer uma pressão de até 1.500 psi (libras por polegada quadrada), força suficiente para perfurar o crânio de suas presas.
Diferente de outros grandes felinos, como o leão ou o tigre, que preferem sufocar suas presas, a onça-pintada adota uma técnica de abate única: morde diretamente o crânio ou a região cervical, atravessando o osso e alcançando o cérebro ou a medula espinhal. Essa precisão fatal é resultado de séculos de adaptação evolutiva, moldada pela convivência com presas de couro grosso, como jacarés e tatus.